A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um distúrbio hormonal que afeta uma considerável parcela da população feminina mundial. Comumente associada a sintomas como períodos menstruais irregulares e crescimento excessivo de pelos, a SOP agora surge ligada a transtornos alimentares específicos, de acordo com uma nova pesquisa publicada no “The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism”.
Este estudo robusto envolveu a análise de dados de quase 29 mil mulheres com SOP e mais de 258 mil sem a condição, originárias de nove países distintos. Pela primeira vez, foi estabelecida uma relação concreta entre a SOP e transtornos alimentares como bulimia e compulsão alimentar, trazendo à tona mais uma faceta complexa dessa síndrome multifacetada.
Como a SOP Afeta a Saúde Mental das Mulheres?
Para muitas mulheres vivendo com SOP, o estigma relacionado ao peso e a aparência corporal pode ser profundo. A endocrinologista Dra. Deborah Beranger destaca que esse estigma agrava o risco de transtornos alimentares, afetando tanto a saúde mental quanto física das pacientes. Com isso, torna-se essencial considerar as implicações psicológicas ao tratar SOP.
Principais Características da Síndrome dos Ovários Policísticos
A SOP é frequentemente diagnosticada quando a paciente apresenta ao menos duas das três seguintes características principais:
- Presença de múltiplos cistos nos ovários, detectáveis através de ultrassonografia.
- Elevados níveis de testosterona ou sinais clínicos de hiperandrogenismo, como hirsutismo (excesso de pelos).
- Desregulação menstrual, caracterizada por ciclos irregulares ou ausência de menstruação.
Quais são as Possíveis Causas da SOP?
Segundo o ginecologista e obstetra Dr. Fernando Prado, as causas exatas da SOP continuam sendo um enigma. “Se descobrir a causa da SOP, sem dúvida, você poderia ganhar um Prêmio Nobel”, afirma Prado. Embora algumas evidências apontem para uma origem genética, ainda são necessárias mais pesquisas para confirmar essa teoria.
De Que Maneira a SOP Pode Levar a Transtornos Alimentares?
Dra. Beranger ressalta que a conexão entre SOP e transtornos alimentares é independente do índice de massa corporal (IMC). Mulheres com SOP, independentemente do IMC, apresentam uma propensão maior para distúrbios alimentares quando comparadas às que não têm a condição. “Muitas vezes, as recomendações de estilo de vida para tratar SOP, como alterações na dieta e aumento da atividade física, podem exacerbar os transtornos alimentares”, adiciona ela. “Profissionais de saúde devem estar atentos a essa dualidade no cuidado das pacientes.”
Esses achados sublinham a necessidade de uma abordagem integrativa no manejo da SOP, que contemple não só os aspectos biológicos, mas também emocionais e psicológicos. Dessa forma, é possível proporcionar um tratamento mais completo e eficaz às mulheres que vivem com a síndrome.
Em resumo, a nova pesquisa traz à luz a importância de reconhecer a SOP como uma condição que afeta múltiplas dimensões da saúde feminina, exigindo uma atenção especial às suas complicações psicológicas.