A Polícia Civil de São Paulo está investigando as atividades de Augusto Melo, atual presidente do Corinthians, e sua relação com influenciadores digitais. A suspeita é de que eles estejam formando uma milícia digital para disseminação de fake news e ataques virtuais. As operações estão sendo apuradas pelo Dope (Departamentos de Operações Policiais Estratégicas) e a DPPC (Polícia de Proteção à Cidadania) com o apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).
Essa investigação teve início após denúncias de conselheiros do Corinthians e de jornalistas, que alegam ser alvos de ataques nas redes sociais. De acordo com Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do clube, ele e sua família recebem ameaças constantemente. “Chegaram a ameaçar jogar uma bomba no Conselho”, declarou. A denúncia foi formalizada em um boletim de ocorrência e um inquérito foi instaurado.
Augusto Melo e a Milícia Digital
O delegado César Saad, responsável pelo caso, comentou que a polícia está identificando os responsáveis pelos ataques e se há uma ação coletiva envolvida. Segundo Saad, a investigação foca em rastrear os perfis falsos usados para ameaças. “A partir da identificação, podemos entender se é uma ação individual ou coletiva, o que pode ter consequências criminais mais graves”, afirmou.
Quais são as Consequências Legais de Uma Milícia Digital?
Se for confirmada a existência de uma milícia digital, as consequências legais podem ser severas. Em casos de ações orquestradas, as penas são mais duras, pois configuram crime de organização criminosa. Os envolvidos podem enfrentar acusações de difamação, ameaça e formação de quadrilha, entre outras.
Rubens Gomes, ex-diretor de futebol do Corinthians, também foi alvo dos ataques virtuais após conflitos com Augusto Melo. Ele revelou que contratou uma empresa para investigar os ataques em suas redes sociais e descobriu a existência de robôs envolvidos. Gomes apresentou a documentação durante seu depoimento na delegacia responsável pelo caso “VaideBet“.
Quem São os Possíveis Envolvidos?
Em meio às denúncias, a Comissão de Ética do Corinthians convocou Augusto Melo e outras seis pessoas para prestar esclarecimentos. Entre os citados estão membros da diretoria atual e ex-integrantes. A comissão busca entender se há interesses pessoais e financeiros por trás dos ataques digitais.
Um dos nomes mencionados é de Washington Araújo, coordenador de redes sociais do Corinthians. Ele é investigado por supostamente ser o elo entre a gestão e os influenciadores digitais. “Eu não faço nada que prejudique o clube”, comentou Araújo, justificando que sua função é tratar as pessoas com dignidade.
Como Acontecem os Ataques Virtuais?
Os ataques virtuais geralmente ocorrem por meio de perfis falsos ou robôs que disseminam fake news e mensagens de ódio. O objetivo é intimidar e desacreditar adversários ou críticos, marcando uma espécie de guerrilha digital.
Rubens Gomes foi um dos principais alvos desses ataques. Ele relatou que passou a ser atacado após suas divergências com Augusto Melo se tornarem públicas. Gomes contratou uma empresa para monitorar suas redes e descobriu a presença de inúmeros robôs atacando seu perfil.
Influenciadores Contratados pela Gestão
Neste contexto, a gestão de Augusto Melo contratou diversos influenciadores digitais. Entre eles está Deivison Ferreira, conhecido como Capitão Corintiano. Ferreira foi contratado para coordenar mídias e monitorar o YouTube do clube. Wagner Marques Júnior, filho de um conselheiro trienal, também foi contratado sem formação específica na área.
Outros influenciadores, como Kauê Arnesi e Marco Vieira, também foram contratados para atuar na comunicação do clube. Ambos ganharam destaque nas redes sociais e foram integrados aos quadros do Corinthians sem formação acadêmica.
Denúncia de Notas Fiscais Frias
Fabio Macedo, dono do Blog do Macedo, fez uma série de denúncias sobre supostas notas fiscais frias emitidas durante a gestão de Duilio Monteiro Alves. Ele afirmou ter recebido documentos que sugerem irregularidades, mas admitiu não ter procurado a gestão anterior para confirmar as informações antes de publicar.
O Conselho Deliberativo está apurando essas denúncias. Romeu Tuma Júnior questionou como documentos fiscais do clube foram publicados sem verificação, o que ele considera parte de uma estratégia de milícia digital para intimidar conselheiros e dirigentes.
Disputa pelo Adsense da Corinthians TV
Outra grave acusação é a de que o Corinthians não tinha acesso ao adsense do YouTube até a chegada de Augusto Melo. Fabio Macedo alega que a empresa que terceirizava o serviço teria embolsado “cerca de R$ 800 mil”. No entanto, investigações apontam que o clube nunca perdeu dinheiro com essa terceirização e que a parceria com a Mowa Sports foi transparente.
Com a continuidade das investigações, a expectativa é que mais detalhes venham à tona. A polícia trabalha para identificar todos os envolvidos e entender a extensão das ações da suposta milícia digital.