Foto: Divulgação/SSP-SP
O destino dos celulares roubados em São Paulo vai além do centro da cidade e se estende a grandes comunidades na periferia, como Heliópolis e Paraisópolis. Essas áreas são apontadas como centros de receptação desses aparelhos, o que levanta questões sobre a dinâmica do comércio ilegal nessas regiões.
Delegados e promotores, em entrevista à Folha de S. Paulo, destacam que essas favelas têm se tornado pontos centrais para onde os celulares roubados são levados. A intensa movimentação dos produtos do crime tem se tornado uma preocupação crescente para as autoridades.
Como Funciona a Receptação de Celulares Roubados em Heliópolis e Paraisópolis?
Segundo investigadores, criminosos tendem a levar os celulares roubados para favelas onde têm algum vínculo. Seja por morarem nessas áreas ou conhecerem quem compra os produtos roubados, esses locais representam uma rede de comércio ilegal relativamente segura para os criminosos. O delegado entrevistado mencionou que, apesar disso, ainda não há provas de uma organização estruturada de receptação, como há nas centrais de desbloqueio de telefones em Campos Elíseos.
Quais São as Dificuldades na Combate ao Comércio Ilegal?
Heliópolis, a maior favela de São Paulo, e Paraisópolis, a segunda maior, são conhecidas pelo controle do Primeiro Comando da Capital (PCC). No entanto, até o momento, não há evidências de envolvimento direto da facção nos roubos e na receptação de celulares. A falta de acesso fácil e o difícil rastreamento são fatores que contribuem para a impunidade nessas áreas.
Promotores destacam que a dificuldade de infiltrar e rastrear operações nessas favelas torna a fiscalização extremamente complexa. Mesmo com os esforços das autoridades, a recuperação dos celulares e a prisão dos responsáveis continuam sendo um grande desafio.
Comércio Ilegal nas Comunidades
Nas favelas de Heliópolis e Paraisópolis, o comércio de drogas e produtos roubados é constante. Dentro dessas comunidades, os dispositivos são desmontados para a revenda de peças ou são desbloqueados para serem vendidos como novos. Dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) indicam que, de janeiro a maio de 2024, cerca de 58.709 celulares foram roubados ou furtados na cidade.
- Jaraguá: Outra comunidade que serve como destino frequente para celulares roubados.
- Lojistas clandestinos: Compram os telefones e revendem inteiros ou em peças após extraírem dados valiosos.
- Desmanches: Principal destino quando o IMEI (código de identificação do aparelho) é bloqueado.
Medidas Policiais e Resultados
A SSP tem intensificado o combate a esses crimes. Vistorias em 801 estabelecimentos resultaram na apreensão de 3.215 celulares somente de janeiro a julho de 2024. A “Operação Mobile” também levou à prisão de 271 infratores e à devolução de 1.124 aparelhos às vítimas.
Próximos Passos na Luta Contra o Crime
As autoridades continuam a implementar estratégias para combater o roubo e a receptação de celulares. Entre as medidas, destacam-se:
- Aumento das operações policiais: Mais blitzes e patrulhas em áreas críticas.
- Infiltração em comunidades: Agentes disfarçados para investigar o comércio ilegal de celulares.
- Campanhas de conscientização: Informar a população sobre a importância de não comprar produtos de origem duvidosa.
O combate ao comércio de celulares roubados ainda enfrenta muitos desafios, mas a intensificação das ações policiais e a colaboração da sociedade são passos fundamentais para reduzir esses números e trazer mais segurança à população paulista.