Foto: NASA/JPL-Caltech
Ken Farley, o renomado cientista do projeto da missão Mars 2020, classificou uma rocha em Marte como “a mais intrigante, complexa e potencialmente importante já investigada pelo Perseverance”. Esse feito marca um grande avanço da primeira missão desde a Viking explicitamente planejada para buscar vida em Marte.
O objetivo da missão Mars 2020, liderada pelo Perseverance, é buscar possíveis evidências de vida passada no planeta vermelho. Essas evidências precisam passar por um rigoroso escrutínio e testes adicionais, porém, a missão já fez descobertas impressionantes.
Perseverance faz descoberta histórica
Desde a sua aterrissagem na cratera Jezero em 2021, o Perseverance tem explorado uma área cheia de rochas formadas quase quatro bilhões de anos atrás. Nesse período, Marte era muito mais habitável do que é atualmente, com rios, lagos, uma atmosfera espessa e temperaturas com condições químicas favoráveis à vida.
O que torna a rocha Cheyava Falls tão especial?
A recente descoberta feita pelo Perseverance envolve uma dessas rochas, informalmente chamada de “Cheyava Falls”. Trata-se de um pequeno bloco avermelhado de pedra de lama, enriquecido com moléculas orgânicas e entrelaçado com veios brancos paralelos. Todos esses elementos são extremamente intrigantes para os astrobiólogos.
- Moléculas orgânicas: Feitas de carbono e hidrogênio, geralmente com enxofre, oxigênio ou nitrogênio, são elementos essenciais para a vida.
- Veios de sulfato de cálcio: Comuns em rochas sedimentares marcianas, mas não necessariamente bioassinaturas.
- Manchas esbranquiçadas: Conhecidas como “manchas de redução”, causadas frequentemente por reações químicas ou atividade microbiana na Terra.
Quais as implicações dessas descobertas?
Moléculas orgânicas simples e não biológicas são comuns no universo. O rover Curiosity, também da NASA, já as encontrou na cratera Gale, e o Perseverance as detectou em Jezero no ano passado. Segundo Ken Farley, essa nova observação é a primeira “detecção realmente convincente” de orgânicos em Marte. No entanto, é necessária uma análise mais detalhada para confirmar suas origens.
As rochas em Marte podem ter abrigado vida?
Os veios de sulfato de cálcio em Cheyava Falls são compostos de olivina, um mineral ígneo, sugerindo que a água foi injetada em altas temperaturas. Esse detalhe precisa de mais investigação. As manchas esbranquiçadas, compostas por ferro oxidado, indicam reações químicas que podem ou não ter envolvido vida microbiana.
- Microrganismos subterrâneos: Podem produzir fósseis químicos presos em veios de sulfato de cálcio.
- Reações químicas: Podem ocorrer também em rochas sedimentares sem vida, complicando a interpretação dos dados.
- Manchas de redução: Reações químicas impulsionadas por fluidos ácidos são uma possível explicação não biológica.
O que vem a seguir para o Perseverance?
A descoberta em Cheyava Falls incentiva a NASA e a Agência Espacial Europeia a prosseguirem com o programa multibilionário de recuperação de amostras. O Perseverance já extraiu um pedaço dessa rocha e, se os planos forem executados, futuras missões trarão essas amostras para a Terra, onde serão analisadas com tecnologia avançada.
Até que essas amostras cheguem aos laboratórios na Terra, não é possível ter certeza absoluta se o Perseverance encontrou ou não fósseis de vida antiga em Marte. No entanto, as evidências são promissoras e significativas.
Opinião do especialista
Sean McMahon, líder do Grupo de Paleobiologia Planetária da Universidade de Edimburgo, está entusiasmado com as descobertas, mas adverte que todas as possíveis causas não biológicas precisam ser exploradas e descartadas para garantir a precisão dos resultados.
Ficamos ansiosos para ver o que o futuro reserva para a exploração de Marte e as revelações que ainda estão por vir com esse projeto ambicioso.