Uma das figuras centrais na política eleitoral da Venezuela, Juan Carlos Delpino, trouxe uma reviravolta significativa ao cenário político do país. Em uma entrevista recente, Delpino, membro do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), afirmou que não possui provas da vitória de Nicolás Maduro nas eleições do mês passado. Esta declaração lançou um desafio direto à alegação de reeleição de Maduro, ecoando o ceticismo já manifestado por governos e observadores internacionais.
A votação realizada em 28 de julho de 2024 foi seguida por uma onda de descrença tanto interna quanto externa. Diversos governos ao redor do mundo expressaram suas dúvidas quanto à legitimidade do resultado. A declaração de Delpino, que fazia parte do órgão responsável por anunciar a vitória de Maduro, é a primeira grande crítica vinda de dentro do sistema eleitoral venezuelano.
Delpino Questiona Validade da Vitória de Maduro
Falando abertamente pela primeira vez desde a eleição, Delpino revelou que “não havia recebido nenhuma evidência” de que Maduro realmente obteve a maioria dos votos. Segundo ele, tanto o órgão eleitoral quanto o próprio Maduro falharam em divulgar contagens que sustentassem suas reivindicações de vitória.
Ao falar com a imprensa, Delpino expressou vergonha e pediu desculpas ao povo venezuelano. “Todo o plano elaborado para realizar eleições aceitas por todos não foi alcançado”, afirmou ele. Delpino, que também é advogado e um dos dois membros do conselho alinhados à oposição, estava temeroso da reação do governo.
Quais são as Alegações de Irregularidade?
Desde a votação, várias irregularidades foram apontadas pela oposição. Entre elas, a recusa do CNE em divulgar resultados máquina por máquina e alegações de que testemunhas eleitorais foram expulsas das seções de votação. Além disso, houve uma interrupção na transmissão eletrônica dos resultados, levantando suspeitas de manipulação dos dados.
- Falta de transparência na divulgação dos resultados.
- Testemunhas eleitorais sendo removidas das seções.
- Interrupção na transmissão eletrônica dos dados.
- Decisões unilaterais de Elvis Amoroso, presidente do CNE.
O Que Isso Significa para a Venezuela?
Se Maduro for empossado novamente em janeiro de 2025, ele estenderá o tempo de seu movimento no poder para sua terceira década. Sob o comando de Maduro e seu antecessor, Hugo Chávez, a Venezuela, um país rico em petróleo, passou por um declínio econômico extraordinário, agravado por má administração, corrupção e sanções dos EUA.
A pressão internacional sobre a legitimidade da reeleição de Maduro continua a crescer. Os Estados Unidos, por exemplo, já reconheceram Edmundo González como o vencedor legítimo da eleição. Até mesmo aliados de esquerda, como os governos da Colômbia e do Brasil, expressaram “sérias dúvidas” quanto à vitória de Maduro.
Transparência e Futuro da Democracia na Venezuela
Apesar de todas as adversidades, Delpino ainda acredita que a solução para a Venezuela é democrática. Ele afirmou que as eleições são a resposta para um futuro melhor e expressou seu comprometimento com a transparência.
- Investigações do Tribunal Penal Internacional contra Maduro.
- Sanções e crise econômica impactando a população.
- Oposição e comunidade internacional exigem transparência.
Delpino concluiu sua entrevista afirmando que, apesar das falhas e irregularidades, ainda acredita na solução eleitoral para a Venezuela. “Acredito até hoje que a resposta para a Venezuela é democrática”, disse ele.