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Quem nunca aplicou gelo em algum local do corpo após uma lesão? O hábito é amplamente aceito na sociedade, mas existem opiniões divergentes sobre sua eficácia e segurança. Alguns especialistas, inclusive, argumentam que a aplicação de gelo pode, na verdade, prejudicar o processo de cicatrização e cura da lesão.
Pesquisadores da Universidade San Jorge, na Espanha, sugerem que o ideal é não interferir no processo natural de inflamação e cicatrização do corpo. Eles defendem que, ao aplicar gelo, estamos interrompendo um processo fisiológico importante. No entanto, será que deveríamos realmente abandonar essa prática tradicional?
Por que não devemos colocar gelo em lesões?
O gelo pode proporcionar alívio temporário da dor e reduzir o inchaço, mas essa aparente vantagem vem com um custo. A análise das pesquisadoras Beatriz Carpallo Porcar e Paula Cordova Alegre indica que a aplicação de gelo pode atrasar a recuperação completa da lesão.
Em um artigo publicado na plataforma The Conversation, as pesquisadoras explicam que, para que todo o processo de cicatrização ocorra corretamente, a inflamação deve seguir seu curso fisiológico. Nesse sentido, o uso do gelo pode interferir nos processos naturais do organismo, tornando-se, assim, um obstáculo em vez de uma ajuda.
Como funciona o processo inflamatório no corpo?
Um processo inflamatório é a resposta natural do corpo a uma lesão, essencial para a cura. Ele envolve uma série de reações biológicas que visam reparar o tecido danificado. Ao aplicar gelo no local, diminuímos a temperatura da área afetada, o que pode reduzir a circulação sanguínea e, consequentemente, retardar a chegada de células reparadoras ao local da lesão.
Isso, portanto, pode prolongar o tempo de recuperação e aumentar o risco de complicações. A rápida chegada de células imunológicas e de reparação é crucial para a formação do novo tecido e para a limpeza do tecido danificado, um processo que o frio pode retardar.
Quais as alternativas ao uso de gelo?
Enquanto isso, alternativas ao uso de gelo estão sendo exploradas e desenvolvidas. Por exemplo, nanocurativos de celulose têm mostrado propriedades promissoras de cicatrização e combate a infecções, oferecendo uma abordagem diferente e potencialmente mais eficaz para o tratamento de lesões
- Nanocurativos de celulose: Aceleram a cicatrização
- Compressas mornas: Ajudam a relaxar os músculos e melhorar a circulação
- Terapias manuais: Massagens e manipulações para reduzir o inchaço sem uso do frio
Percepção divide opiniões
Apesar de convincente, a ideia não é aceita por todos os profissionais da área. Para alguns, o gelo é uma ferramenta útil no controle imediato da dor e do inchaço, enquanto outros o veem como um impedimento ao processo de cura natural do corpo.
É importante considerar as evidências e, se necessário, consultar um profissional de saúde para determinar a melhor abordagem para cada caso específico. Cada lesão é única e pode exigir uma abordagem diferente baseada na natureza e extensão da lesão.
Portanto, embora o uso de gelo seja uma prática comum e muitas vezes recomendada, há uma crescente consciência sobre seus possíveis efeitos negativos no processo de cicatrização. Entender o papel da inflamação e considerar alternativas inovadoras pode ser fundamental para uma recuperação mais rápida e eficiente.
Em resumo, antes de colocar gelo na próxima lesão, considere as evidências e consulte um profissional de saúde para uma recomendação personalizada. A ciência continua a evoluir, e novas abordagens podem oferecer soluções mais eficazes para o alívio e recuperação de lesões.