Foto: Reprodução.
A migração das populações do campo para as cidades impulsionou o progresso da humanidade e foi fator essencial para avanços científicos e conquistas de direitos. Contudo, essa transição também gerou desafios, como ruas congestionadas, poluição e falta de moradias. Em meio a esse cenário, algumas metrópoles se destacam pela qualidade de vida proporcionada a seus moradores. Entre elas, Viena se sobressai, conquistando o título de cidade mais habitável do planeta pelo terceiro ano consecutivo, de acordo com o ranking da Economist Intelligence Unit (EIU).
O estudo da EIU aplicou trinta critérios a 173 cidades, abrangendo áreas como estabilidade, saúde, cultura e meio ambiente, educação e infraestrutura. Viena obteve a nota máxima, 100, em quase todas essas áreas, exceto em cultura, onde alcançou 93,5 devido à falta de grandes eventos esportivos. “A capital austríaca se destaca pelos serviços públicos de alta qualidade em todos os setores”, comentou Akshay Rathi, analista-sênior da EIU.
O que faz de Viena a cidade mais habitável do mundo
O auge de Viena foi como capital do Império Austro-Húngaro, mas a cidade não parou no tempo. Enquanto outras metrópoles batalhavam com a instabilidade pós-guerra, Viena reinvestiu em desenvolvimento urbano e inclusão social. Inicialmente, a capital foi palco de graves problemas, como fome e desemprego. No entanto, a recuperação foi organizada e consistente.
Nos últimos cinco anos, a prefeitura de Viena, em parceria com a iniciativa privada, tem implementado um ambicioso projeto que segue os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Além disso, há metas para digitalização e inclusão social a serem completadas até 2050, conforme explicou a arquiteta Victoria Fernández Áñez.
Segredo do sucesso da Habitação Social em Viena
Uma das principais forças de Viena é sua política de habitação social. A prefeitura transformou propriedades adquiridas em prédios de apartamentos para conter a crise imobiliária dos anos 1920. Este modelo de habitação permitiu que metade da população, inclusive imigrantes, morasse em imóveis subsidiados.
O financiamento é dividido entre público e privado, mas a gestão fica a cargo do governo e de cooperativas sem fins lucrativos. O geógrafo Robert Musil destaca que o governo investe anualmente 500 milhões de euros em moradia, garantindo que todos os habitantes tenham acesso a uma residência digna.
Como a cultura e a mobilidade contribuem para a habitabilidade de Viena?
A vida cultural de Viena é efervescente, com atrações que vão desde a música clássica até eventos contemporâneos. Para Camila Carivali, estudante de arquitetura, a oferta cultural é um dos maiores atrativos: “No Brasil, eu ficava em casa nos fins de semana. Aqui, sempre tem algo que te tira do apartamento”, diz ela.
A capital austríaca também é um exemplo em termos de mobilidade. O transporte público eficiente e acessível faz com que muitos moradores dispensem o uso de automóveis. Letícia Diethelm, terapeuta brasiliense que reside em Viena há doze anos, afirma: “Nem se compara com Brasília. Não tenho carro, faço tudo de metrô, trem de superfície e ônibus. A vida é mais tranquila”.
Em suma, Viena se destaca como um modelo de planejamento urbano bem-sucedido, onde a qualidade de vida e o bem-estar dos moradores são prioridades máximas. Essa combinação de fatores faz de Viena a cidade mais habitável do mundo pelo terceiro ano consecutivo.