Na manhã deste sábado (27), Mauro Grunfeld, capitão da Polícia Militar da Bahia, foi preso novamente no âmbito da Operação Fogo Amigo. A ação foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), junto com as Polícias Federal e Militar.
Segundo informações do MP-BA, a Justiça decidiu pela nova prisão preventiva de Mauro, justificando que as circunstâncias que levaram à sua detenção anterior permaneciam as mesmas. O capitão havia sido liberado por apenas 10 dias.
Operação Fogo Amigo: Novo Capítulo
A Operação Fogo Amigo tem como objetivo desmantelar uma suposta rede de tráfico de armas que envolve facções criminosas na Bahia. Segundo investigações, Mauro Grunfeld estava envolvido em negociações de armas e munições através de conversas interceptadas em aplicativos de mensagens.
Por que o Capitão foi Preso Novamente?
O capitão da PM, Mauro Grunfeld, foi acusado de ser um “contumaz negociador de armas e munições”. Em conversas interceptadas pela Polícia Federal e pelo MP-BA, ele e o policial Gleybson Calado do Nascimento discutiam intensamente sobre esse comércio ilegal.
Essas armas e munições, segundo a investigação, abasteciam facções criminosas que atuam em Salvador. Durante a operação, foram cumpridos mandados de prisão preventiva e busca e apreensão em vários locais, incluindo a residência do capitão, onde foi encontrada uma pistola sem registro.
Como Funcionava o Esquema de Tráfico de Armas?
O grupo investigado pela Polícia Federal utilizava uma estratégia complexa para operar. Entre os métodos, estavam a retenção de armamentos apreendidos em operações policiais e o uso de laranjas para obter novos armamentos. Veja como funcionava:
- Retenção de armamentos apreendidos: Em vez de entregar as armas à delegacia, os policiais as revendiam a facções criminosas.
- Uso de laranjas: Pessoas sem instrução e antecedentes criminais eram pagas para obter o Certificado de Registro do Exército (CR). Com o documento, compravam armas que depois eram declaradas furtadas.
- Alteração de registros: Quando necessário, o número de série das armas era raspado para dificultar a rastreabilidade.
Salário Incompatível com Estilo de Vida
Embora Mauro Grunfeld tenha declarado um salário fixo de R$ 8 mil e possua apenas um apartamento avaliado em R$ 700 mil, seu estilo de vida nas redes sociais contava outra história. Fotos em iates, restaurantes caros e viagens de luxo levantaram suspeitas sobre a origem de sua renda.
A investigação também aponta que, entre 2021 e 2023, o então capitão teria movimentado cerca de R$ 10 milhões no esquema criminoso. O MP-BA e a Polícia Federal irão analisar se os ganhos foram de fato provenientes de atividades ilícitas.
Investigação por Homicídio Doloso
Além das acusações atuais, Mauro Grunfeld também é investigado por um homicídio doloso ocorrido em 2013, quando ainda era tenente. Na ocasião, Grunfeld teria sido comandante de uma guarnição que resultou na morte de um jovem de 18 anos em Santa Cruz Cabrália, Bahia.
O caso, tratado como “homicídio privilegiado” pela Polícia Civil, ainda não avançou muito na Justiça. O Ministério Público da Bahia reforçou a necessidade de novas investigações para esclarecer os detalhes do incidente.
O que Diz a Defesa?
A defesa de Mauro Grunfeld nega todas as acusações, alegando que as armas eram destinadas ao uso pessoal e que ele não possui vínculo com facções criminosas. O advogado apresentou certificados de bom comportamento e argumentou que Grunfeld comprava munições apenas para aprimorar seu treinamento profissional.
Também sob investigação está Gleybson Calado do Nascimento, apontado como um dos principais operadores do esquema. Sua defesa impetrou um pedido de habeas corpus e aguarda a resposta do MP-BA para se posicionar oficialmente.