Amaury Falt-Brown / AFP
Novos Protestos no Quênia Após Declarações do Presidente William Ruto
Recentemente, novos protestos eclodiram no Quênia, mesmo após o presidente William Ruto apelar ao diálogo enquanto defendia a atuação das forças de segurança durante os confrontos anteriores.
A Comissão Nacional dos Direitos Humanos do Quênia, financiada pelo Estado, divulgou dados alarmantes, indicando que 39 pessoas perderam suas vidas e 361 ficaram feridas em decorrência dos protestos em todo o país. Além disso, foram registrados 32 casos de “desaparecimentos forçados ou involuntários” e 627 prisões de manifestantes.
Condenação à Violência e Excesso de Força
A comissão condenou veementemente a violência injustificada contra manifestantes, profissionais de saúde, advogados, jornalistas e em locais seguros como igrejas, centros médicos de emergência e ambulâncias. Criticou ainda o uso excessivo e desproporcional da força pelas autoridades contra os manifestantes.
Relatos de ONGs
A ONG Human Rights Watch (HRW) reportou que pelo menos 30 pessoas foram mortas em Nairóbi e outras cidades, baseando-se em depoimentos, registros hospitalares e funerários públicos. Segundo a HRW, as forças de segurança quenianas dispararam diretamente contra multidões de manifestantes, inclusive aqueles que tentavam fugir.
Contexto dos Protestos
Os protestos, liderados por jovens, surgiram em oposição ao Projeto de Lei Financeira 2024, que poderia aumentar significativamente os custos de vida no país. Inicialmente pacíficas, as manifestações ganharam intensidade após a aprovação de uma versão alterada do projeto de lei pelo parlamento.
Após intensa pressão popular, Ruto recuou e afirmou que não sancionaria o projeto de lei, reconhecendo a voz do povo. No entanto, os manifestantes continuam mobilizados, convocando a população para ocupar áreas centrais de Nairóbi.
Repercussões das Declarações de Ruto
As declarações recentes do presidente Ruto, defendendo a ação das forças de segurança e culpando “criminosos” pela escalada dos protestos, não foram bem recebidas pelos manifestantes. Muitos rejeitam a proposta de diálogo, considerando-a uma tentativa de sufocar o movimento.
Apesar das tensões e da repressão contínua por parte da polícia, os protestos persistem, com manifestações recentes em homenagem às vítimas da violência durante os atos.
Este cenário continua evoluindo conforme novos desenvolvimentos ocorrem, mantendo o Quênia em um período de intensa agitação social e política.