Com os diálogos entre governo federal e servidores estagnados, uma nova paralisação foi anunciada pelos trabalhadores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A greve, que teve início nesta quarta-feira, 10 de abril, afeta tanto os que atuam presencialmente nas Agências da Previdência Social (APSs) quanto os que operam remotamente.
A expectativa é que a suspensão das atividades prejudique diretamente a análise e a concessão de benefícios essenciais como aposentadorias, pensões e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). O atendimento presencial, com exceção das perícias médicas, também será afetado, o que inclui o processamento de recursos e revisões.
Qual o motivo por trás da paralisação dos servidores do INSS?
Os servidores do INSS reivindicam um reajuste salarial de 33% a ser implementado progressivamente até 2026 e uma valorização geral da carreira de técnico do seguro social, solicitando também que esta seja reconhecida como uma carreira de estado, vital para a robustez da administração pública.
Adesão e medidas temporárias
Enquanto o SINSSP-BR (Sindicato Nacional) reporta que cerca de 50% dos trabalhadores aderiram à paralisação, incluindo aqueles em regime de home office, o INSS informou que está mantendo todos os seus serviços remotos operacionais. Segurados podem continuar acessando o aplicativo ou o site Meu INSS, além de contarem com o suporte da Central Telefônica 135 das 7h às 22h.
Demanda crescente em um cenário de recursos diminutos
De acordo com dados recentes, o número de servidores ativos caiu de mais de 25 mil em 2015 para aproximadamente 19 mil este ano, compreendendo 15 mil técnicos e 4 mil analistas. Essa redução de pessoal surge em um momento crítico, visto que a demanda por benefícios e serviços do INSS só tem aumentado.
Impacto da inteligência artificial
Outro ponto de preocupação levantado pelos servidores é o avanço do uso de Inteligência Artificial (IA) nas operações do INSS, que poderia comprometer a qualidade e a precisão no processamento das análises necessárias para a concessão de benefícios. Os servidores pedem padrões mais elevados de entrada para os técnicos, através da exigência de um diploma de nível superior, de modo a acompanhar a complexidade das atividades desenvolvidas.
Embora o governo tenha proposto reajustes salariais e mudanças na estrutura de carreira, incluindo aumentos de 9% em 2025 e de 5% em 2026, além de uma extensão de três anos nos padrões de carreira, essas medidas não foram suficientes para impedir a greve. As negociações permanecem incertas com poucas previsões de avanços rápidos.
A situação dos servidores do INSS evidencia desafios consideráveis no equilíbrio das necessidades dos trabalhadores e das demandas administrativas governamentais, colocando em xeque a sustentabilidade dos serviços prestados à população brasileira neste setor crucial.