Foto: Reprodução/LAPSA/IOC/FIOCRUZ.
Uma recente pesquisa realizada por biólogos marinhos revelou uma descoberta preocupante: altos níveis de cocaína foram detectados em 13 tubarões, especificamente a espécie cação-rola-rola, no litoral do Rio de Janeiro. A investigação aponta para uma alarmante poluição de contaminantes humanos nas águas marinhas.
Os estudos, conduzidos por Rachel Davis, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), sugerem que a cocaína pode estar chegando às águas oceânicas através de descartes indevidos em laboratórios ilegais ou mesmo pelas fezes e urina de usuários de drogas. Esta é a primeira vez que se detecta a presença desta droga em tubarões, e as concentrações registradas são cem vezes maiores do que em outros animais marinhos.
Como a cocaína chegou ao organismo dos tubarões?
Existem algumas teorias que buscam explicar como a cocaína foi parar no organismo dos tubarões. Alguns especialistas acreditam que a droga pode estar chegando à água através de operações ilegais utilizadas na sua fabricação ou via excrementos humanos.
Cenário brasileiro como rota de escoamento de cocaína
A presença marcante da cocaína no Brasil se justifica pelo fato de o país ser uma rota estratégica para o escoamento da droga. Atingindo mercados na Europa e na África, o Brasil se aproveita de sua posição geográfica, facilitada pelas fronteiras com produtores como Peru, Colômbia e Bolívia, e acesso ao Atlântico por diversos portos.
Implicações para a saúde dos tubarões
A pesquisa levanta questões sérias sobre os efeitos da cocaína no comportamento e desenvolvimento dos tubarões, principalmente porque todas as fêmeas analisadas estavam grávidas. Más influências no comportamento e alterações fisiológicas são algumas das áreas que precisam ser investigadas em detalhes.
Possíveis Fontes de Contaminação
- Descartes de laboratórios ilegais
- Fezes e urina humana contaminada
- Pacotes de cocaína jogados ao mar
- Mergulhadores durante o abastecimento de navios
Risco da cocaína entrar na cadeia alimentar humana
Uma das questões mais preocupantes levantadas pela pesquisa é se a cocaína pode entrar na cadeia alimentar humana através do consumo de tubarões contaminados. No Brasil, o tubarão-cação-rola-rola é comumente consumido como alimento, vendendo-se sob vários nomes, incluindo flocos e ‘fish and chips’.
Rachel Davis acredita que, embora a cocaína já tenha entrado na cadeia alimentar, não está claro se a quantidade ingerida por humanos pode causar danos significativos à saúde. Não foram estabelecidos limites precisos para os efeitos negativos da droga na saúde humana quando esta é ingerida via consumo alimentar.
- Riscos à saúde ainda não estabelecidos
- Possível exposição mínima à cocaína pela água
Futuro da pesquisa marinha
A descoberta é um alerta importante que chama a atenção para a necessidade de um monitoramento rigoroso e contínuo das águas marinhas e sua fauna. A contaminação de drogas como a cocaína em animais marinhos pode ter sérias consequências ecológicas e de saúde pública, demandando mais estudo e políticas eficazes contra a poluição.
Em resumo, a pesquisa é um marco significativo nos estudos ambientais e traz à tona a urgente necessidade de políticas para controle e mitigação da poluição de origem humana em ecossistemas marinhos delicados e ameaçados.