Após a declaração de vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de domingo, 28, o governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, permaneceu em silêncio, em contraste com a reação imediata de outros países da América do Sul. Até a madrugada desta segunda-feira, 29, o Brasil não havia se pronunciado sobre a controversa vitória do líder chavista.
A oposição venezuelana aponta fraudes no processo eleitoral, alegando que não teve acesso a 70% das atas eleitorais. Sessões eleitorais permaneceram abertas além do horário em áreas favoráveis a Maduro, enquanto em regiões opositoras, houve relatos de intimidação e obstáculos para votar.
Eleições na Venezuela e a Postura do Brasil
Em um cenário eleitoral tão tumultuado, o governo brasileiro optou por uma postura cautelosa e não se manifestou imediatamente sobre o resultado das eleições na Venezuela. Esse comportamento contrasta fortemente com a rapidez com que outros países da região se posicionaram, expressando preocupação com as alegações de fraude e irregularidades.
O Que a Oposição Diz Sobre as Eleições na Venezuela?
A oposição venezuelana não hesitou em acusar o governo de Maduro de manipulação e irregularidades no processo eleitoral. Segundo líderes opositores, cerca de 70% das atas eleitorais não foram disponibilizadas para eles, levantando suspeitas significativas sobre a legitimidade do pleito. Além disso, eles relataram que as sessões eleitorais permaneceram abertas além do horário estipulado em áreas favoráveis ao governo, enquanto nas regiões opositoras, eleitores enfrentaram intimidações e obstáculos.
Qual o Papel do Brasil nas Relações Internacionais com a Venezuela?
Desde o retorno do PT ao poder em 2023, as relações entre Brasil e Venezuela passaram por uma notável reaproximação, diferente da postura rígida adotada no governo anterior. Durante a administração de Jair Bolsonaro, o Brasil havia rompido relações com o chavismo e reconhecido Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela. Com a liderança de Mauro Vieira e Celso Amorim, o Brasil retomou os laços diplomáticos com Maduro, citando dívidas de mais de US$ 1,27 bilhão de empresas brasileiras com a Venezuela.
A Reação da Comunidade Internacional
Enquanto o silêncio do governo brasileiro chamou atenção, outros países sul-americanos e do mundo reagiram rapidamente. O Chile, liderado por Gabriel Boric, e a Colômbia, sob Gustavo Petro, foram mais severos em suas críticas à eleição na Venezuela. Até mesmo governos de esquerda mostraram preocupação, destacando a singularidade da posição brasileira.
Quais Foram as Medidas Tomadas Pelo Brasil Pós-Eleições Venezuelanas?
Em resposta às tensões e à instabilidade na Venezuela, o governo brasileiro designou Glivânia Maria de Oliveira como embaixadora em Caracas e recebeu o embaixador venezuelano Manuel Vadell em Brasília, sinalizando uma tentativa de manter relações amigáveis. Além disso, Lula ofereceu apoio diplomático e político a Maduro, inclusive convidando-o para encontros no Planalto e para participar de reuniões da Unasul.
Por outro lado, essa postura de reabilitação do líder venezuelano foi criticada por outros líderes sul-americanos, como Gabriel Boric e Luis Lacalle Pou, que reprovaram a forma como o Brasil liderado por Lula tratou a situação na Venezuela.