Foto: Evaristo Sá/AFP
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm sugerido que o governo antecipe a indicação para a presidência do Banco Central, com o intuito de conter a valorização do dólar. O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, é o favorito para o cargo. Nesta terça-feira, a moeda americana atingiu quase R$ 5,70, reflexo das tensões entre o presidente e o mercado financeiro, bem como o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
A discussão sobre essa antecipação ganhou força durante a tarde no Congresso e no Palácio do Planalto, mas ainda não há uma confirmação de que Lula tomará essa medida. O presidente está em viagem oficial à Bahia e deve abordar o tema nesta quarta-feira, 3, em uma reunião com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Rui Costa (Casa Civil).
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), aliado do governo, apoia o anúncio imediato do novo presidente do Banco Central. “Tenho defendido essa hipótese em conversas com senadores, ministros e líderes do governo”, declarou Calheiros à Coluna do Estadão. Para ele, a antecipação do nome reduziria as tensões e incertezas no mercado.
Um ministro, sob condição de anonimato, comentou que a nomeação de Galípolo agora ajudaria o governo a “colocar a bola no chão” em relação ao mercado financeiro.
Mais cedo, Lula afirmou em entrevista que a alta do dólar é resultado de “jogo de interesse especulativo contra o real” e “não é normal”. Ele destacou que algo precisa ser feito, embora não tenha especificado as medidas para não alertar seus adversários. Sua declaração gerou especulações sobre a possibilidade de o governo implementar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de câmbio para conter o dólar, mas essa medida foi descartada por Haddad.