Foto: Edgar Su/ Reuters
A varejista de fast fashion Shein, famosa por suas blusas de US$ 5 e vestidos de US$ 10 fabricados na China, aumentou os preços em mais de um terço em alguns de seus produtos principais. Essa estratégia parece destinada a aumentar as receitas da empresa antes de sua planejada IPO (oferta pública inicial de ações), conforme análise de sua política de preços.
Os aumentos de preços da Shein superaram os de suas concorrentes H&M e Zara, de acordo com dados da empresa de pesquisa EDITED, sediada em Londres, que comparou os preços de 1º de junho deste ano com os do mesmo período do ano anterior. A Shein não comentou sobre esses dados.
A Shein opera um marketplace online que vende uma variedade de produtos, embora seu principal negócio seja a fabricação e venda de suas próprias marcas, principalmente roupas femininas. A empresa utiliza uma rede de fornecedores, predominantemente na China, que desafiam os processos de produção tradicionais, aceitando pedidos iniciais pequenos e aumentando a produção conforme a demanda.
Grande parte das roupas vendidas pela Shein é fabricada em Guangzhou, na China, por cerca de 5.400 fornecedores. Embora a Shein não divulgue dados financeiros publicamente, a Coresight Research estima que a receita da empresa alcançará US$ 50 bilhões (aproximadamente R$ 269,9 bilhões) este ano, um aumento de 55% em relação ao ano passado.
Elevar os preços de suas principais linhas de roupas femininas e atrair mais marcas externas para venderem em seu site pode ajudar a Shein a atingir essa meta de vendas e aumentar os lucros. “A Shein teve um impulso muito forte recentemente, o que pode ser favorável aos seus planos de IPO”, disse Erik Lautier, especialista em comércio eletrônico da consultoria AlixPartners.
À medida que se prepara para sua oferta pública inicial, a Shein enfrenta os custos mais altos associados a ser uma empresa de capital aberto. Além disso, a empresa deve cumprir novas regulamentações da União Europeia sobre plataformas online, o que pode aumentar suas despesas e pressionar as margens de lucro.
Nos Estados Unidos, seu maior mercado em termos de vendas, a Shein aumentou o preço médio dos vestidos femininos em 28% no ano até 1º de junho, chegando a US$ 28,51, conforme os dados da EDITED. Embora ainda abaixo da média de um vestido da H&M (US$ 40,97) ou da Zara (US$ 79,69) nos EUA, a Shein aumentou os preços em uma porcentagem maior do que suas concorrentes no mesmo período, segundo os dados.
No site da Shein no Reino Unido, o preço médio de um vestido subiu para 24,12 libras (US$ 30,97), um aumento de 15% em relação ao ano anterior. Na França, Alemanha, Itália e Espanha, o preço médio dos vestidos aumentou 36%.
Sob condição de anonimato, duas funcionárias do hospital que atenderam a jovem de 17 anos aceitaram falar com o Profissão Repórter.