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A Amazônia registrou o incêndio de 16.685 km² de formações florestais ao longo de 2023, um aumento de 123% em relação ao ano anterior, quando foram queimados 13.596 km². Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (28/6) por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e pela agência espacial dos EUA, a Nasa.
O aumento significativo na área queimada está diretamente ligado ao fenômeno climático El Niño e ao aquecimento do Atlântico Norte no ano passado. Segundo Ane Alencar, diretora de ciências do Ipam, “nas florestas, é preciso que esteja muito seco ou muito impactado para que o fogo se alastre”.
As regiões mais afetadas pelas queimadas incluem o norte do Acre, norte de Rondônia, sul do Amazonas e norte do Mato Grosso, especialmente em áreas protegidas como terras indígenas e unidades de conservação ambiental.
Em 2023, o governo federal concentrou esforços principalmente no combate ao desmatamento no “arco do desmatamento”, o que teve um efeito positivo na redução do desmatamento nessa região. No entanto, houve menos atenção e ação na região mais ao norte, onde a seca foi mais severa, o que contribuiu para o aumento das queimadas.
Embora o desmatamento na Amazônia tenha diminuído em 50% em 2023 em comparação ao ano anterior, conforme dados do Deter do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a área total queimada alcançou 10 milhões de hectares no ano passado, um aumento de 36% em relação a 2022.
“A redução do desmatamento foi importante, mas se não tivesse ocorrido, poderíamos ter enfrentado recordes ainda maiores de área queimada”, ressalta Ane Alencar.
Ane Alencar destaca ainda que o combate ao desmatamento teve um papel importante na redução das queimadas no arco do desmatamento, visto que o fogo é utilizado como um processo posterior ao de derrubada de floresta, usado para limpar o território para que depois seja instalado gado ou algum tipo de plantação.
Todavia, em 2023, os efeitos do fenômeno climático El Niño intensificaram a seca na região amazônica, que também sofreu com as consequências do aquecimento do Atlântico Norte, aumentando a temperatura.
“O fato de reduzir o desmatamento reduz a área queimada localmente, mas não reduziu a área queimada na Amazônia como um todo, porque teve uma outra região que foi muito impactada pela seca”, completa Ane Alencar.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, anunciou, no Dia Mundial do Meio Ambiente, que a Amazônia e o Pantanal devem sofrer, novamente, com uma seca extrema, o que deve influenciar em novas áreas queimadas.
Diante do possível cenário de degradação por fogo, a ministra do Meio Ambiente assinou um pacto com os governadores do Pantanal e da Amazônia para atuação conjunta no combate a incêndios em ambos os biomas. Participaram Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Amazonas, Maranhão, Tocantins, Acre, Amapá, Roraima e Rondônia.