Recentemente, uma pesquisa revelou que um enxaguante bucal popular à base de álcool está associado a um aumento no risco de câncer de esôfago e colorretal.
Segundo relatado pelo portal ND Mais, cientistas do Instituto de Medicina Tropicalista de Antuérpia, na Bélgica, descobriram que duas espécies de bactérias se tornaram mais prevalentes após três meses de uso diário do Listerine Cool Mint.
Essas duas espécies bacterianas, o Fusobacterium nucleatum e o Streptococcus anginosus, estão ligadas ao câncer no sistema digestivo e foram encontradas em maior quantidade na boca dos pacientes que usaram o enxaguante diariamente.
Enxaguante bucal bastante popular, o Listerine Cool Mint possui 21,6% de álcool na sua fórmula, de acordo com a embalagem do produto – Foto: Reprodução/Listerine Brasil
Além disso, os pesquisadores observaram uma diminuição nas actinobactérias, que desempenham um papel na regulação da pressão arterial.
Os cientistas não recomendam o uso diário de enxaguantes bucais com álcool. O estudo, realizado com 59 pacientes, dividiu um grupo para usar diariamente o Listerine Cool Mint (que contém álcool) e, em seguida, outro enxaguante bucal placebo por três meses. O segundo grupo seguiu o caminho inverso.
O resultado revelou uma concentração maior de bactérias associadas ao câncer de esôfago e colorretal nos pacientes durante o período de uso do Listerine com álcool.
Chris Kenyon, um dos cientistas envolvidos na pesquisa, alertou que o uso diário de enxaguantes bucais com álcool pode aumentar o risco de câncer e outras infecções causadas pelas bactérias identificadas.
Embora o estudo tenha focado no Listerine, Kenyon ressaltou que outras marcas com álcool provavelmente apresentariam níveis semelhantes dessas bactérias em sua formulação.
Ele recomendou que as pessoas optem por enxaguantes sem álcool e limitem o uso a alguns dias. De acordo com a embalagem do Listerine Cool Mint, o produto contém 21,6% de álcool.
Empresa rebate pesquisa
A Kenvue, empresa da área de saúde responsável pela gestão do Listerine, respondeu à pesquisa.
“A Kenvue acolhe e incentiva os avanços científicos para promover a saúde cotidiana. Com base na nossa revisão inicial, o ensaio publicado carece do rigor adequado para tirar quaisquer conclusões sobre o impacto potencial para a saúde humana”, disse um porta-voz da Kenvue ao jornal britânico The Telegraph.
“Estudos sobre o impacto do Listerine na saúde bucal têm sido publicados em pesquisas revisadas por pares por mais de um século, tornando-o um dos enxaguantes bucais mais extensivamente testados no mundo. Avaliamos continuamente os estudos mais recentes. Não há evidências de que Listerine cause câncer”, continuou o porta-voz.
“Estudos sobre o impacto de Listerine na saúde oral foram publicados por meio de centenas de artigos documentados durante mais de um século”, tornando-a “uma das marcas de enxaguante bucal mais extensivamente estudadas no mundo”.
“Avaliamos continuamente a ciência mais atual e monitoramos os parâmetros de segurança para avaliar o risco-benefício dos nossos produtos. Listerine é seguro quando utilizado conforme indicado no rótulo e não existem provas de que Listerine causa câncer”, completou a nota.
“Após uma análise científica minuciosa, descobrimos que o artigo apresenta diversos problemas metodológicos que tornam os resultados passíveis de questionamento. As descobertas desse documento não fornecem evidências de nenhum efeito adverso à saúde, faltando vários controles de projeto importantes e o rigor adequado para tirar conclusões sobre o possível impacto na saúde humana.”