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O Comitê de Revisão da Fome (RFC) das Nações Unidas concluiu, em um relatório publicado em 4 de junho, que não há “evidências de apoio” suficientes para declarar fome no norte da Faixa de Gaza, revisando um relatório de março que afirmava que a fome era iminente, pois 1,1 milhão de pessoas, metade da população de Gaza, enfrentavam uma insegurança alimentar catastrófica.
Estimulado pela Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome (Fews Net) dos Estados Unidos, que, no âmbito da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC), disse haver uma evidência razoável de fome no norte de Gaza desde 1º de abril, o painel de peritos da ONU afirmou que não considerava a análise “plausível”, dada a “incerteza e a falta de convergência das provas de apoio utilizadas na análise”.
“O RFC não é capaz de determinar, ou não, se os limiares de fome foram ultrapassados durante o mês de abril”, afirmou o comitê no relatório.
Embora afirme não haver provas suficientes para declarar fome na região, o comitê observou que “o sofrimento humano extremo está, sem dúvida, em curso na Faixa de Gaza”, solicitando a todos os envolvidos no conflito que permitam o acesso de ajuda humanitária aos residentes da região.
“Todos os envolvidos não devem esperar até que seja feita uma classificação de fome para o período atual para agir em conformidade”, disse o relatório.
“O fato de não podermos apoiar (ou não) a análise da Fews Net é motivado pela falta de dados essenciais atualizados sobre o bem-estar humano no norte de Gaza e em Gaza em geral. Assim, o RFC solicita veementemente a todas as partes que permitam o acesso humanitário e, especificamente, que forneçam uma janela de oportunidade para realizar pesquisas de campo no norte de Gaza para obter evidências mais sólidas da situação de consumo de alimentos, nutrição e mortalidade”, acrescentou.
“Pausa tática” em Rafah
No domingo, 16, as Forças de Defesa de Israel anunciaram que fariam uma “pausa tática da atividade militar” diária entre 8h e 19h na área de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, para permitir a entrega de ajuda humanitária a civis palestinos.
O objetivo, segundo os militares israelenses, é “aumentar o alcance da ajuda humanitária que entra na Faixa de Gaza” anunciado “após discussões com a ONU e organizações internacionais”.
A imprensa e a fome em Gaza
Salo Aizenberg, autor independente ligado à organização Honest Reporting, que expõe o viés anti-Israel da imprensa, já vinha publicando refutações no X, antigo Twitter, às alegações de fome iminente e consumada na Faixa de Gaza.
Citando uma matéria do jornal americano The New York Times, ele afirmou que a fome em Gaza tem “sido uma mentira desde o primeiro dia”, promovida pela ONU e ONGs para “pressionar Israel a acabar com a sua guerra contra o Hamas”.
Apesar do comitê das Nações Unidas concluir que a fome não era plausível, “a comunicação social ainda promove esta narrativa”, acrescentou.
Não está na mídia
Nesta terça-feira, 18, a Honest Reporting publicou um texto intitulado: “Mídia não relata que autoridades erraram sobre ‘fome’ em Gaza”.
Na publicação, a organização chama a atenção para os veículos de imprensa e agências de notícias internacionais que destacaram, em março, o documento do Comitê de Revisão da Fome que afirmou que 1,1 milhão de pessoas enfrentavam “insegurança alimentar catastrófica” em Gaza, mas não noticiaram a revisão dos dados publicada no começo do mês.
“Ao não divulgarem as informações mais recentes, as organizações de notícia estão enganando seu público sobre a extensão do fluxo de alimentos para Gaza e deturpando a situação da fome na região”, disse.
“Tal como muitos outros, a escolha do New York Times de ignorar novos dados contribui para um ambiente midiático que vilaniza Israel e contribui para as acusações em locais como o Tribunal Internacional de Justiça de que Israel está deliberadamente matando os palestinos de fome”, acrescentou.
“Em vez de enganar o público, endossando falsas alegações de que há uma quantidade insuficiente de alimentos entrando na região, os meios de comunicação deveriam concentrar melhor as suas reportagens na responsabilidade coletiva de múltiplas partes em garantir que os alimentos sejam distribuídos aos civis necessitados”, continuou.
“Só podemos esperar que, à medida que surgem novos dados, as reportagens das principais organizações noticiosas mantenham a sua integridade jornalística e atualizem o seu público, seguindo o exemplo”, completou.