Estudos anteriores indicaram que a aspirina, um anti-inflamatório não esteroide amplamente utilizado, pode ajudar a prevenir o surgimento e avanço do câncer colorretal. Contudo, os mecanismos que explicam os efeitos benéficos da aspirina ainda são pouco conhecidos.
Segundo informações do Catraca Livre, uma pesquisa recente publicada na revista CANCER revelou que a aspirina pode potencializar certos aspectos da resposta imunológica do organismo contra as células cancerígenas.
Para avaliar os efeitos da aspirina, cientistas italianos coletaram amostras de tecidos de 238 pacientes submetidos à cirurgia para tratar câncer colorretal, sendo que 12% deles faziam uso de aspirina.
Os pesquisadores observaram que, ao expor células cancerígenas colorretais à aspirina em ambiente laboratorial, houve um aumento na expressão de uma proteína chamada CD80 em determinadas células do sistema imunológico. Isso aprimorou a habilidade dessas células de alertar outras células imunológicas sobre a presença de proteínas associadas ao tumor.
Em pacientes com câncer retal que faziam uso de aspirina, foi observada uma maior expressão de CD80 em tecido retal saudável, corroborando os achados em células.
“Nosso estudo revela um mecanismo adicional de prevenção ou tratamento do câncer com aspirina, além de seu mecanismo farmacológico tradicional que envolve a inibição da inflamação”, afirmou o pesquisador líder Marco Scarpa, Ph.D., da Universidade de Pádua.
Scarpa esclarece que, quando a aspirina é administrada por via oral, sua concentração no reto pode ser significativamente menor do que no restante do cólon. Portanto, é crucial garantir que a aspirina alcance o trato colorretal em doses adequadas para ser efetiva.
Apesar de seus efeitos protetores contra o câncer colorretal e pólipos, o uso diário de aspirina também pode diminuir o risco de infarto e acidentes vasculares cerebrais relacionados a coágulos. No entanto, a aspirina pode não ser uma opção segura para gestantes e pessoas com condições como hipertensão não controlada, distúrbios hemorrágicos, asma, úlceras estomacais, doenças hepáticas e renais.
Em 2022, a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA aconselhou contra o uso de aspirina em baixas doses para prevenir um primeiro evento cardiovascular em pessoas com 60 anos ou mais, devido aos riscos de sangramento.
O risco de câncer colorretal aumenta com a idade e é maior em pessoas com histórico familiar da doença. A prevenção envolve uma série de estratégias, começando pela alimentação. É importante adotar uma dieta rica em fibras, frutas, vegetais e grãos integrais, e evitar alimentos processados e gorduras saturadas.
Além disso, é essencial controlar o peso; manter um peso saudável implica em praticar exercícios regularmente e evitar o consumo excessivo de calorias. Limitar o consumo de álcool e eliminar o tabagismo são passos adicionais. Esses hábitos estão associados a um aumento do risco de câncer colorretal e, portanto, reduzi-los ou eliminá-los é uma medida preventiva importante.
Paralelamente, é fundamental realizar exames de rastreamento regulares, como colonoscopia, sigmoidoscopia ou testes de fezes, especialmente a partir dos 45 anos de idade, ou até antes, se houver histórico familiar da doença.
Os sintomas de câncer colorretal incluem sangramento retal, muitas vezes percebido como sangue nas fezes ou no papel higiênico após evacuar, mudanças no padrão intestinal, como diarreia, constipação ou alterações na consistência das fezes, desconforto abdominal persistente, cólicas ou dor abdominal inexplicada, sensação de que o intestino não foi completamente esvaziado após uma evacuação, fraqueza ou fadiga inexplicável, perda de peso não intencional, sensação de que o reto está bloqueado ou obstruído, e anemia inexplicada, caracterizada por falta de ferro no sangue, que pode resultar em fadiga ou fraqueza.
É importante notar, entretanto, que esses sintomas podem variar em intensidade e frequência, e nem todas as pessoas com câncer colorretal apresentarão todos esses sinais. No entanto, se você notar qualquer um desses sintomas, especialmente se persistirem por mais de algumas semanas, é fundamental procurar orientação médica.