Durante o evento Rio2C, a maior conferência de economia criativa do país, uma mulher indígena invadiu o palco onde Luciano Huck e dois dos principais executivos da Globo faziam uma apresentação sobre a produção de conteúdo da emissora. Vestida com um cocar e um manto feito de palha, ela expressou sua gratidão a Huck por tê-la ajudado no passado.
A mulher, identificada pelo crachá como Bekoy Tupinambá (também conhecida como Jennyffer Bransfor Tupinambá), é sócia da agência BND Digital e uma ativista na luta contra o abuso e exploração sexual infantil. Em seu discurso, ela pediu mais visibilidade para os povos indígenas na programação da TV Globo.
Ela destacou que, apesar de ter fundado a primeira agência de marketing digital social formada por mulheres indígenas, teve que correr atrás de seu convite para o evento, pois sua história ainda é pouco conhecida. Referindo-se ao povo tupinambá de Olivença, o último a ser reconhecido, ela mencionou a repatriação de um artefato indígena que estava em um museu na Dinamarca.
“Vocês falaram de muitos aqui, e eu fiquei torcendo para que falassem de nós, povos indígenas. Porque eu tenho a primeira agência de marketing digital social formada por mulheres indígenas, mas o meu convite eu tive que correr atrás, porque ninguém sabe da minha história”, iniciou.
“Então, Luciano, eu vim aqui te agradecer. Mas aquela mulher desesperada, que foi demitida grávida, que não sabia o que fazer, era uma mulher indígena, povo tupinambá de Olivença, o último povo a ser reconhecido, e hoje está trazendo o primeiro artefato repatriado indígena, que é o manto tupinambá”, continuou, referindo-se à peça que estava em museu da Dinamarca.
“O meu povo merece respeito. Não é porque a gente não tenha o estereótipo do indígena do norte, que nós do Nordeste, do segundo Estado que tem mais indígenas nesse país, não merecemos o olhar da Globo, não merecemos o olhar de Luciano Huck. E aí eu pergunto: Luciano, o povo tupinambá de Olivença te pergunta: o que você tem a favor da gente? Você pode nos ajudar nessa causa? A gente precisa de você”, concluiu.
A mulher questionou Luciano Huck sobre o olhar da Globo em relação aos indígenas do Nordeste, enfatizando que merecem respeito e reconhecimento. O apresentador assegurou que os povos indígenas originais sempre serão ouvidos e respeitados pela emissora.
Amauri Soares, outro executivo da Globo, também respondeu à invasão de palco, destacando o orgulho da emissora em produzir o programa “Falas da Terra”, criado e produzido por indígenas. Ele afirmou que estão abertos a colaborações e interessados em promover uma visão indígena do Brasil nos conteúdos futuros.