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Levantamento realizado pelo Ministério da Saúde através do Sistema Único de Saúde (SUS) aponta que, diariamente, 28 brasileiros sofrem amputações de membros inferiores em decorrência do diabetes. Essas ocorrências estão associadas ao chamado pé diabético, um conjunto de complicações que resultam em infecções e lesões cutâneas não cicatrizantes. Recentemente, pesquisas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) culminaram no desenvolvimento de um hidrogel cicatrizante, derivado do gengibre-amargo, que promete minimizar o risco de progressão dessas complicações, evitando amputações.
O projeto, iniciado em 2015 pelo biólogo e pesquisador do Inpa Carlos Cleomir Pinheiro, explorou o potencial do gengibre-amargo no tratamento de úlceras diabéticas. Um estudo clínico aplicou o hidrogel, baseado no óleo essencial da planta, em feridas nos pés de 27 pacientes em uma Unidade Básica de Saúde em Manaus (AM), alcançando a cura em 95% dos casos.
A inovação, agora patenteada pela Biozer, está em processo de industrialização. Danniel Pinheiro, diretor-executivo da Biozer e filho de Carlos Cleomir, destaca que o gel também é indicado para tratar úlceras de pressão, conhecidas como escaras, comuns em indivíduos com mobilidade reduzida.
O hidrogel, composto principalmente por água, auxilia na hidratação e no desbridamento, removendo tecidos mortos ou danificados para favorecer a cicatrização. O componente chave é o bioativo zerumbona, encontrado no gengibre-amargo, que possui propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias, analgésicas e vasodilatadoras, contribuindo para a recuperação dos tecidos.
O Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), uma ONG, está financiando o projeto com R$ 4,2 milhões e apoiando a validação do cultivo do gengibre-amargo para distribuição a pequenos agricultores.
Antes de ser comercializado, o produto passará por um novo estudo clínico com mais de cem pacientes em Manaus, visando confirmar sua eficácia e segurança. Após essa etapa, a Biozer solicitará a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Danniel Pinheiro e seu sócio Amaral Neto esperam concluir todo o processo regulatório até o final de 2025.
Pé Diabético: Conforme dados do Estadão, de janeiro a agosto de 2023, foram registradas 6.982 amputações pelo SUS devido ao pé diabético. As principais complicações incluem má circulação nos membros inferiores e neuropatia periférica, que podem levar à perda de sensibilidade protetora nos pés.
Os sintomas iniciais da neuropatia geralmente envolvem dor intensa nos pés, principalmente à noite. O diagnóstico precoce pode ser gerenciado com calçados especiais e cuidados contínuos. No entanto, o avanço da condição pode afetar o sistema nervoso, aumentando o risco de lesões não percebidas pelo paciente.
Além disso, os sintomas comuns do pé diabético incluem formigamento, perda de sensibilidade, dor, queimação, sensação de agulhadas, dormência e fraqueza nas pernas. O Ministério da Saúde alerta que muitos pacientes só percebem o problema em estágios avançados, geralmente quando já há feridas ou infecções, dificultando o tratamento devido à má circulação.
Prevenção de Amputações:
- Manter a hidratação para evitar calos e rachaduras.
- Inspeção regular dos pés em busca de feridas, bolhas ou cortes.
- Buscar ajuda profissional ao identificar anormalidades e evitar manipular calos ou úlceras.
- Evitar cortar as unhas sozinho devido à falta de sensibilidade.
- Usar calçados e meias confortáveis para não comprometer a circulação.
- Não andar descalço, principalmente fora de casa.
- Controlar o diabetes com dieta balanceada, medicação prescrita e exercícios físicos.