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Em uma audiência em Nova York, o juiz Kevin Castel determinou que Hernández deve pagar uma multa de US$ 8 milhões
A Justiça dos Estados Unidos condenou nesta quarta-feira, 26, o ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, a 45 anos de prisão após ser considerado culpado de tráfico de drogas e armas em 8 de março.
Em uma audiência em Nova York, o juiz Kevin Castel também determinou que Hernández, de 55 anos, deve pagar uma multa de US$ 8 milhões (R$ 44 milhões) e cumprir 5 anos de liberdade vigiada após sair da prisão. Castel afirmou que Hernández usou seu poder político, tanto como presidente do Congresso quanto como presidente de Honduras, para minimizar o risco dos narcotraficantes em troca de dinheiro.
“Sou inocente e fui acusado de forma injusta e indevida”, disse o ex-presidente, que entrou na sala de audiências usando uma bengala devido a um acidente jogando futebol, conforme esclareceu seu advogado, Renato Stabile. Hernández ouviu de pé a sentença do juiz Castel, que foi bastante severo em sua argumentação, embora tenha imposto praticamente a pena mínima pelos três crimes imputados ao ex-presidente hondurenho por um júri popular em 8 de março.
Fiel colaborador do governo do republicano Donald Trump (2017-2021), Hernández chegou a se vangloriar dos elogios de Washington pelo trabalho de seu governo na luta contra o narcotráfico. No entanto, o escritório do promotor em Nova York o acusou de criar um “narcoestado” e transformar Honduras em uma “superestrada” pela qual passava grande parte da droga vinda da Colômbia.
Entre 2004 e 2022, desde seus cargos como deputado, presidente do Congresso e depois presidente da República, Hernández participou e protegeu uma rede que enviou mais de 400 toneladas de cocaína para os Estados Unidos, detalhou o promotor nesta quarta. Em troca, ele teria recebido milhões de dólares dos cartéis de drogas, incluindo do narcotraficante mexicano Joaquín “Chapo” Guzmán, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos.
Extraditado em abril de 2022 para os Estados Unidos, três meses após entregar a presidência para sua sucessora, a esquerdista Xiomara Castro, Hernández teria sido o autor da famosa frase: “Vamos enfiar droga nos gringos debaixo de seus narizes e eles nem vão perceber”, segundo uma testemunha do julgamento.
Outros acusados no mesmo processo, incluindo seu irmão Tony Hernández e o colaborador próximo Geovanny Fuentes, já foram condenados à prisão perpétua. No mesmo processo, o ex-chefe da polícia hondurenha Juan Carlos Bonilla, conhecido como “El Tigre”, e o policial Mauricio Hernández Pineda se declararam culpados de narcotráfico, evitando julgamento junto com o ex-presidente.
Desde 2014, cerca de cinquenta hondurenhos acusados de narcotráfico foram extraditados ou se entregaram voluntariamente à justiça dos Estados Unidos.