Foto: Go Nakamura/Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira (4) novas medidas para impedir a entrada ilegal de imigrantes pelo México. Atualmente, quem entra ilegalmente pode solicitar asilo se provar perseguição ou fuga de conflito. No entanto, as novas regras restringem a concessão de asilo para quem cruza a fronteira ilegalmente, exceto em condições especiais. Se o número de imigrantes cair para 1.500 por dia, a nova regra será temporariamente suspensa. Se subir para 2.500 por dia, em média, durante uma semana, a regra será reativada.
Biden explicou que a intenção é reduzir o fluxo de imigrantes para que o sistema dos EUA consiga gerenciar os pedidos. Quem tem uma entrevista formal agendada ainda poderá receber asilo, enquanto os demais poderão ser deportados em questão de dias ou até horas, sendo enviados de volta ao país de origem ou ao México.
Impacto no Brasil
Essas medidas afetarão os brasileiros que tentam entrar ilegalmente nos EUA. Segundo o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), 230 mil brasileiros entraram ilegalmente no país, colocando o Brasil em 8º lugar no ranking das nacionalidades com maior número de imigrantes não autorizados em 2022.
Ranking de imigrantes ilegais nos EUA em 2022:
- México: 4,8 milhões
- Guatemala: 750 mil
- El Salvador: 710 mil
- Honduras: 560 mil
- Filipinas: 350 mil
- Venezuela: 320 mil
- Colômbia: 240 mil
- Brasil: 230 mil
- Índia: 220 mil
- China: 210 mil
Deportação para o México ou Brasil
Desde que Biden assumiu, há um acordo entre EUA e México para que parte dos imigrantes ilegais seja devolvida ao México, mesmo se não forem mexicanos. No entanto, o México prefere receber pessoas da América Central, como cubanos, haitianos e venezuelanos. Por isso, os EUA precisam deportar rapidamente imigrantes de outras nacionalidades, como brasileiros, enfrentando desafios logísticos para acomodá-los e organizar voos de deportação.
Medida mais drástica de Biden
A nova medida de Biden, a mais radical em sua política migratória até agora, visa atrair eleitores insatisfeitos com o aumento de imigrantes. Implementada por meio de uma ordem executiva, a medida só pode ser derrubada judicialmente. No início de seu mandato, Biden reabriu as fronteiras com o México, fechadas por Trump durante a pandemia, e congelou as deportações.
As ações só entrarão em vigor quando o número de chegadas na fronteira sul exceder a capacidade de recebê-las. A Casa Branca argumenta que o pacote “facilitará a imigração legal para remover aqueles sem base legal” para entrar no país.
A ordem executiva será assinada nesta tarde em uma cerimônia na Casa Branca com a presença de prefeitos, incluindo republicanos, de cidades fronteiriças no Texas. Essa é a segunda tentativa de Biden de regular a imigração nas fronteiras com o México. A primeira tentativa, um acordo bipartidário, não foi aprovada após deputados republicanos desistirem a pedido do ex-presidente Donald Trump.
A opinião pública sobre a entrada de imigrantes mudou após o recorde histórico de chegadas em dezembro de 2023, com cerca de 250 mil pessoas tentando entrar nos EUA pelo México. Esse número caiu pela metade em abril deste ano, mas Biden quer evitar um aumento até as eleições de novembro.