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A condenação de Trump e a possibilidade de ele ainda ser candidato à presidência demonstram a vitalidade da democracia nos Estados Unidos.
Ao contrário do que pregam os pessimistas, acredito que a democracia está sólida, especialmente em nações onde o regime foi fundado junto com o próprio país ou reestruturado após grandes crises.
Entre os exemplos de países que se encaixam no primeiro caso estão os Estados Unidos, o Reino Unido e a França. Já no segundo caso, temos a Alemanha, a Itália, o Japão e os países do Leste Europeu que estavam sob influência soviética.
As figuras autoritárias que surgem nesses países não conseguem abalar as bases dessas democracias, pois elas são robustas o suficiente para suportar turbulências, tendo sido profundamente enraizadas na identidade nacional.
Vejamos o caso de Donald Trump. Desde ontem, ele se tornou o primeiro presidente americano condenado criminalmente. Um júri de doze cidadãos de Nova York o considerou culpado por cometer uma fraude contábil de US$ 130 mil durante a eleição de 2016, para silenciar uma atriz pornô com quem teve um caso.
Se a democracia americana estivesse fragilizada, esse processo, assim como os outros nos quais Donald Trump é réu, não teria seguido em frente ou já estaria causando um grande tumulto. Alguém viu algum tumulto na porta do tribunal? Multidões estão nas ruas promovendo quebra-quebras? E, no entanto, metade do eleitorado dos Estados Unidos continua apoiando Trump, conforme as pesquisas indicam.
Ah, mas houve a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, o senhor está esquecendo, colunista? Sim, houve, e Donald Trump é acusado judicialmente de ser o instigador. Mas qualquer pessoa com um mínimo de honestidade intelectual sabe que a invasão poderia ter sido evitada se as autoridades em Washington tivessem colocado barreiras policiais robustas nas ruas de acesso ao prédio do Congresso — o que, obviamente, não diminui a culpa dos invasores, que foram presos, ou dos seus instigadores.
Outro sinal da vitalidade da democracia americana é o fato de Donald Trump ainda poder ser candidato à presidência em novembro, mesmo após sua condenação criminal.
Não é ideal ter na Casa Branca um presidente condenado, especialmente se ele é uma pessoa instável, ignorante e com ligações internacionais perigosas como Donald Trump. Além disso, é provável que, se for eleito novamente, ele tente vingar-se de seus adversários.
Haverá turbulências e desafios. No entanto, a ideia de que Donald Trump conseguirá dar um golpe de Estado, seja ele clássico ou não, é uma ficção criada por uma oposição que tenta impedir a qualquer custo a candidatura do ex-presidente e que perdeu a conexão com a América profunda. Embora muitos cidadãos americanos — assim como muitos cidadãos de outros países — não se sintam representados pelas lideranças políticas atuais e estejam descontentes com sua democracia, isso não significa que queiram um regime autoritário. Eles só querem ser ouvidos.
A democracia americana é tão forte que prefere arriscar ter um condenado na presidência a retirar os direitos políticos de qualquer cidadão, seja ele candidato ou eleitor. O mesmo se aplica à liberdade de expressão. Isso ocorre porque agentes patogênicos criam anticorpos mais poderosos — é o que a história ensina. Os pessimistas da democracia deveriam aprender essa lição. Na verdade, eles sabem disso, mas fingem não saber. Como o procurador de Manhattan que liderou a acusação contra Donald Trump: o militante de extrema esquerda Alvin Bragg.