Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Nesta segunda-feira (3), uma fonte da área financeira dos Correios revelou ao portal Mais Brasília (MB) que, a partir de junho de 2024, a estatal já não possui recursos suficientes em caixa para cobrir suas despesas, o que deve aumentar ainda mais o déficit da empresa.
“A despesa mensal dos Correios é de R$ 1,8 bilhão. Nosso caixa caiu para R$ 1,6 bilhão este mês. Ou seja, a partir deste mês já não temos dinheiro suficiente para cobrir nossas despesas mensais. O mês de maio deve fechar com um prejuízo de aproximadamente R$ 200 milhões, aumentando ainda mais o rombo dos Correios. Estamos muito preocupados, pois estamos chegando a um ponto sem retorno em relação ao nosso caixa. Os Correios são uma empresa robusta, mas se não forem bem geridos, podem quebrar rapidamente”, disse a fonte ao MB.
Enquanto isso, o balanço econômico-financeiro da empresa segue sem ser divulgado, pela “primeira vez na história dos Correios”.
Em relação à manutenção do sigilo, a estatal afirmou em nota que isso é um procedimento de praxe da instituição. No entanto, o Mais Brasília postou atas públicas dos Correios desde 2012, sem sigilo (vide aqui).
“Você [Mais Brasília] postou as atas e eles [a Presidência] negaram. Como podem insistir na mentira, mesmo com a ata publicada mostrando o sigilo da informação? É uma grande falta de habilidade. O presidente Fabiano está tentando esconder sua má gestão à frente dos Correios, colocando em risco 90 mil empregos diretos e 300 mil pessoas que dependem dos Correios, fora os empregos indiretos. Isso que está sendo feito não se faz nem em empresa privada”, explicou a fonte ao MB.
Além da decisão da presidência dos Correios de não divulgar o balanço econômico-financeiro da empresa, outras empresas públicas já anunciaram seus respectivos demonstrativos financeiros, como Petrobras, Banco do Brasil, Caixa, BNDES, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste.
“A questão do sigilo está ganhando força! Todos internamente estão falando que há muita coisa escondida. Todos querem que eles divulguem. Os empregados já estão na expectativa. Acredito que eles [a Presidência] estão com medo das manipulações que estão fazendo. Devem estar manipulando os números. Em 2022, fizeram uma arrumação nos números para dizer que houve prejuízo e colocar a culpa no governo do Bolsonaro”, comentou a fonte.
Exemplos de outras empresas incluem:
- A Petrobras alcançou um lucro líquido de R$ 23,7 bilhões no 1º trimestre de 2024 (1T24). No período, foi registrado um fluxo de caixa operacional de R$ 46,5 bilhões e um EBITDA ajustado de R$ 60 bilhões. O endividamento financeiro da companhia no trimestre teve uma redução de US$ 1,1 bilhão, atingindo US$ 27,7 bilhões – o menor nível da dívida financeira desde 2010. A dívida bruta manteve-se controlada em US$ 61,8 bilhões, incluindo os arrendamentos. (Balanço publicado no site oficial da empresa).
- O Banco do Brasil apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 9,3 bilhões no primeiro trimestre de 2024, um crescimento de 8,8% em comparação com o mesmo período de 2023, representando um retorno sobre patrimônio líquido (RSPL) de 21,7%. O Índice de Capital Principal do BB encerrou março em 11,90%. A carteira de crédito ampliada, que inclui títulos e valores mobiliários privados e garantias, registrou saldo de R$ 1,14 trilhão em março de 2024, crescimento de 10,2% em 12 meses. (Balanço publicado no site oficial da empresa).
Nesta terça (4), o Mais Brasília revelou que a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados pretende ouvir o presidente da estatal nos próximos dias. A solicitação da Casa já foi aprovada, restando apenas definir a data da audiência pública.