Segundo informações do Poder 360, o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) atualizou o registro da última entrada do ex-assessor de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, no país para 18 de setembro de 2022. Essa mudança contradiz, em parte, as informações usadas pela Polícia Federal (PF) para prender Martins sob suspeita de tentativa de fuga do país em dezembro de 2022, durante a viagem presidencial à Flórida.
No relatório que fundamentou a prisão, os investigadores da PF utilizaram registros do ‘View Travel History’, uma lista que cataloga todas as entradas e saídas de pessoas que viajam para os EUA, com base em passaportes comuns e diplomáticos. Ao entrar nos EUA, todo viajante recebe o documento oficial do governo norte-americano chamado ‘I-94’, que atesta a entrada e saída no país. No caso de Filipe Martins, esse último documento foi atualizado pelo DHS.
O ‘View Travel History’ utiliza informações de diferentes fontes, o que justifica a divergência entre os registros do I-94 e a lista usada pela PF. Quando consultado o passaporte diplomático de Filipe Martins, consta a viagem para Orlando em 30 de dezembro de 2022.
Apesar de a alfândega da Flórida negar ter registros de entrada do ex-assessor, interlocutores de Filipe Martins tentam realizar a alteração no ‘View Travel History’. Os investigadores da PF afirmam ter outros elementos que comprovam que Martins entrou no país.
Leia um trecho do relatório da PF obtido pelo Poder360:
Segundo a Polícia Federal, a ida de Martins com Bolsonaro para os EUA poderia ‘indicar que o mesmo tenha se evadido do país para se furtar de eventuais responsabilizações penais’. No entanto, essa informação nunca foi comprovada pelas autoridades do Brasil nem dos Estados Unidos.
O relatório da PF, obtido pelo Poder360, levanta dúvidas sobre a própria afirmação da PF. A informação de que Filipe Martins teria embarcado para os EUA não havia sido confirmada, mas a prisão foi requerida mesmo assim.
Leia abaixo o que está no documento, que levanta dúvidas sobre a própria afirmação da PF (trechos em negrito marcados pelo Poder360):
“O nome de FILIPE MARTINS também consta na lista de passageiros que viajaram a bordo do avião presidencial no dia 30.12.2022 rumo a Orlando/EUA. Entretanto, não se verificou registros de saída do ex-assessor no controle migratório, o que pode indicar que o mesmo tenha se evadido do país para se furtar de eventuais responsabilizações penais. Considerando que a localização do investigado é neste momento incerta, faz-se necessária a decretação da prisão cautelar como forma de garantir a aplicação da lei penal e evitar que o investigado deliberadamente atue para destruir elementos probatórios capazes de esclarecer as circunstâncias dos fatos investigados.”
A PF desconsiderou fotos do ex-assessor de Bolsonaro publicadas em perfil aberto na internet para determinar a ‘localização do investigado’. Quando Martins foi preso, a PF sabia onde procurá-lo: no apartamento de sua namorada em Ponta Grossa (PR), a 117 km de Curitiba. Ele está atualmente no Complexo Médico Penal de Pinhais (PR), o mesmo local onde ficavam os presos na operação Lava Jato.
Com informações do Poder 360