A direita emergiu como a grande vencedora das eleições para o Parlamento Europeu, finalizadas neste domingo (9 de junho de 2024). De acordo com as projeções atualizadas às 21h pela comissão eleitoral, o Partido Popular Europeu manteve a maior bancada no Legislativo da União Europeia, conquistando mais 13 cadeiras, totalizando 189 deputados.
Outros grupos nacionalistas também avançaram no parlamento. O Identidade e Democracia e os Reformistas e Conservadores Europeus ganharam assentos. Com a nova composição, os deputados de direita e centro-direita serão 402 do total de 720, dominando 56%. Antes, eram 396.
O Partido Popular Europeu, de centro-direita, é o mesmo de Ursula von der Leyen, atual presidente da Comissão Europeia. Este resultado favorece sua reeleição. O bom desempenho dos grupos de direita é uma derrota para os governos francês e alemão.
Como resposta, o presidente da França, Emmanuel Macron, dissolveu o parlamento e convocou novas eleições. O primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, anunciou sua renúncia.
A eleição consolida uma série de vitórias da direita e centro-direita na Europa, sendo um dos resultados mais expressivos desde a fundação da União Europeia. Aqui estão as vitórias recentes:
- Grécia – Nova Democracia (Centro-Direita);
- Bulgária – GERB (Direita);
- Espanha – PP (Centro-Direita);
- Hungria – FIDESZ (Direita);
- Finlândia – KOK (Direita);
- Croácia – HDZ (Direita);
- França – RN (Direita);
- Áustria – FPO (Direita);
- Alemanha – CDU (Centro-Direita).
O Renovar a Europa, de Macron, caiu de 102 para 93 cadeiras no Parlamento Europeu. Já o nacionalista Identidade e Democracia cresceu de 49 para 58 eurodeputados, conforme as parciais.
A esquerda e centro-esquerda, por outro lado, perderam espaço. O segundo partido mais forte do Parlamento Europeu continuará sendo a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, que passou de 139 para 135 deputados, segundo as projeções.
Os Verdes devem reduzir suas atuais 71 cadeiras para 53, conforme as parciais. O bloco da Esquerda Unitária Europeia deve ficar com 35 assentos no parlamento, tendo antes 37.
Atualmente, os eurodeputados – como são chamados os deputados da União Europeia – de mais de 200 partidos nacionais estão alocados em 7 diferentes grupos do Parlamento Europeu, conforme seu respectivo pensamento político.
Para o mandato de 2024 a 2029, foram eleitos 50 deputados que ainda não têm um grupo definido. Isso indica que os alinhados à direita podem crescer ainda mais no Parlamento.
Para que os eurodeputados façam parte de um grupo, precisam estar politicamente alinhados, podendo haver parlamentares de nacionalidades distintas na mesma sigla defendendo as mesmas pautas. Um novo grupo também pode ser criado, desde que tenha 23 cadeiras no Parlamento de 7 nacionalidades diferentes.
ENTENDA OS GRUPOS DO PARLAMENTO EUROPEU
Partido Popular Europeu – Mantém-se como o maior grupo do Parlamento Europeu, com uma base significativa de integrantes alemães, poloneses e romenos. Nos últimos cinco anos, colaborou estreitamente com os socialistas e o grupo liberal Renovar a Europa. Angela Merkel, ex-chanceler da Alemanha, é uma das principais figuras próximas ao grupo.
Aliança Progressista de Socialistas e Democratas – O segundo maior grupo do Poder Legislativo da União Europeia. Com forte representação do Partido Socialista dos Trabalhadores do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, o grupo enfatiza a luta contra o desemprego e a promoção de sociedades mais equitativas.
Renovar a Europa – Liderado pelo partido Renascença do presidente da França, Emmanuel Macron, é o terceiro maior grupo, mas perdeu força: tinha 102 parlamentares neste mandato. O resultado reflete a ascensão de deputados apoiados por Marine Le Pen.
Grupo dos Verdes – atualmente, possui 72 assentos no Poder Legislativo do bloco europeu. Nas eleições de 2019 para o Parlamento Europeu, os parlamentares da sigla foram fortalecidos pelos protestos climáticos de 2019. Agora, perderam cadeiras.
Esquerda Unitária Europeia – focado em direitos trabalhistas, justiça econômica e igualdade. Enfrenta incertezas devido a uma nova divisão na esquerda alemã, liderada pela ex-co-presidente do Die Linke, Sahra Wagenknecht.
Conservadores e Reformistas Europeus – promete uma postura firme sobre migração e uma abertura para maior cooperação dentro da UE. Ganhou cadeiras em um resultado que demonstra a força da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.
Identidade e Democracia – crescerá no Poder Legislativo da União Europeia. Enfrenta controvérsias por conta da expulsão de deputados ligados ao partido alemão de direita acusado de neonazismo, a AfD (Alternativa para a Alemanha). Apesar das críticas, mantém sua influência em um contexto de crescente insatisfação dos eleitores com o aumento do custo de energia e de vida enfrentado pelos alemães.
Com informações e imagens de Poder 360