Apesar de a taxa Selic ter parado de cair nesta quarta-feira (19), o Brasil permanece em quarto lugar no ranking de países com os maiores juros reais, descontando a expectativa de inflação. A taxa brasileira é de 7,2%. O topo do ranking é ocupado pela Turquia, com juro real de 16,3%, seguida pela Rússia (8,6%) e México (7,4%).
Essa compilação, feita pelo Valor Data, considera apenas os países do G-20, que representam cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) global. No entanto, vale ressaltar que países menos desenvolvidos possuem taxas ainda mais elevadas que as da Turquia, Rússia, México e Brasil.
O ranking foi elaborado com base nas taxas básicas de juros divulgadas recentemente pelos países. No caso do Brasil, o cálculo inclui um derivativo negociado na B3, descontando a expectativa de inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os próximos 12 meses.
Em quinto lugar, temos um empate entre Indonésia e Reino Unido, ambos com taxa de 3,7%. Na sexta posição, África do Sul e Arábia Saudita também empatam, com juros reais de 3,5%. Os Estados Unidos aparecem logo depois, com uma taxa de 3,4% acima da inflação.
O Brasil foi pioneiro na América Latina ao elevar os juros para conter a inflação, antes de países como Chile, Colômbia, México, Peru e Uruguai. Desde março de 2022 até maio de 2023, o Brasil manteve a posição de país com os maiores juros reais no grupo analisado. No entanto, assim como outros países latino-americanos, começou a ceder posições após as reduções nas taxas.
Após oito cortes consecutivos desde agosto do ano passado, o Banco Central brasileiro manteve a Selic em 10,50% ao ano. Segundo o Boletim Focus mais recente, a expectativa é que os juros permaneçam nesse patamar até o final deste ano. A continuidade dos cortes de juros no Brasil está condicionada, em grande parte, às decisões dos países mais desenvolvidos, especialmente os Estados Unidos, cujas taxas influenciam o fluxo de recursos localmente.
Nos EUA, o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, não deve realizar as seis ou sete reduções de juros previstas por alguns analistas no final do ano passado. A percepção é que haverá, no máximo, dois cortes neste ano.