Ninguém aprecia juros elevados. Ninguém os aplaude. Ninguém deseja viver sob essa pressão financeira. Então, por que considerar que a manutenção dos juros em patamares estratosféricos acalmou os agentes econômicos?
Segundo a análise de William Waack, pela CNN, A resposta reside na compreensão de que, muitas vezes, reduzir os juros de forma abrupta pode ser ainda mais prejudicial. O presidente da República defende essa abordagem, mas já testemunhamos as consequências desastrosas dessa estratégia no passado. Juros, assim como a inflação, refletem expectativas, percepções e confiança de milhares de pessoas que moldam as decisões econômicas.
Hoje, essas percepções inclinam-se para o risco. Mas que risco exatamente? O risco de que o governo não consiga equilibrar as contas públicas sem recorrer exclusivamente à receita, aumentando impostos insustentáveis. Isso poderia resultar em mais dívida pública e, consequentemente, inflação. Além disso, a política pode não conseguir enfrentar os problemas estruturais que tornam o ambiente de negócios no Brasil pesado e repleto de incertezas jurídicas.
Embora seja verdade que juros altos inibem investimentos, dificultam o acesso ao crédito e desaceleram a economia, atribuir exclusivamente a culpa a eles, como faz o presidente e seu partido, simplifica uma realidade complexa. Essa abordagem mascara os problemas subjacentes e transfere responsabilidades que, acima de tudo, são políticas.
Palavras vazias não resolverão o que todos reconhecemos como uma realidade dura e indesejável: os juros insuportáveis. Precisamos de ações concretas, não apenas retórica, para enfrentar esse desafio. Afinal, com juros altos, perdemos autoridade e sofremos as consequências econômicas.