A controvérsia gerada pelo Projeto de Lei 1904, o chamado PL do Aborto, atualmente em debate na Câmara dos Deputados, evoca a batalha de celebridades pelo direito de escolha sobre seus corpos. Com informações da coluna Entretê do Terra, recordamos a trajetória de Norma Bengell, pioneira nessa militância. Na década de 80, ela revelou à ‘Isto É’ ter realizado 16 abortos e reiterou sua posição no programa ‘Roda Viva’ em 1988, confrontando a violência social com a decisão pessoal sobre o aborto.
“A violência que está aí é muito mais violenta do que uma mulher fazer um aborto”, respondeu ao ser questionada por um jornalista da bancada. “Eu fiz por motivos particulares. Primeiro, nem tive tempo. Acho que criar um filho é muita responsabilidade.”
Bengell expressou sua visão sobre a maternidade solo e as dificuldades enfrentadas por sua mãe nesse papel, apesar de optar por não seguir o mesmo caminho. Aos 40 anos, considerou ter um filho durante seu exílio, mas recuou diante das incertezas do futuro da criança.
Perguntada se defendia a legalização do aborto no Brasil, a atriz concordou com veemência. “Eu defendo, acho isso aí uma hipocrisia em que fazem abortos nas favelas, do jeito que fazem. Só rico tem direito de abortar bem, entre aspas. As mulheres pobres estão aí abortando e levando porrada.”
Firme defensora da legalização do aborto no Brasil, Norma criticou a desigualdade no acesso ao procedimento seguro entre ricos e pobres. Sua carreira no cinema foi marcante, com atuações inovadoras como o primeiro nu frontal em ‘Os Cafajestes’ e uma carreira internacional após ‘O Pagador de Promessas’.
Conhecida por suas opiniões progressistas, exilou-se na França, onde continuou sua luta por direitos como o aborto e a igualdade de gênero. Na televisão, destacou-se em papéis memoráveis e, mesmo afastada das telas nos últimos anos de vida devido à saúde debilitada, deixou um legado inesquecível até seu falecimento em 2013.