Em 25 de junho, a Polícia Federal (PF) apresentou um relatório parcial no inquérito que apura se o deputado federal André Janones (Avante-MG) operou um esquema de rachadinha na Câmara dos Deputados.
Segundo informações do Estadão, uma das primeiras ações da PF foi submeter os áudios em que o deputado solicita doações de assessores para compensar gastos de campanha ao Instituto Nacional de Criminalística. Os peritos confirmaram que a voz na gravação pertence a Janones, que já havia reconhecido a autenticidade dos áudios.
Os especialistas compararam essa gravação com áudios extraídos das redes sociais de outros deputados, analisando padrões fonéticos, vícios de pronúncia e expressões recorrentes. O resultado foi uma correspondência quase integral – uma forte evidência.
O delegado Roberto Santos Costa, responsável pela investigação, está finalizando a análise do material obtido a partir das quebras de sigilo bancário e fiscal do deputado e seus assessores parlamentares. Ele solicitou acesso a todas as movimentações financeiras entre janeiro de 2019 (quando Janones assumiu seu primeiro mandato) e janeiro de 2024.
Janones reitera que a investigação pelas autoridades competentes é o único caminho para provar sua inocência. Nas redes sociais, ele afirmou que já disponibilizou suas contas para os investigadores.
A PF considera a gravação como um indício de corrupção passiva e busca verificar se os repasses realmente ocorreram. Segundo as diligências realizadas até o momento, há suspeitas de desvio de recursos públicos no gabinete do deputado.
Os assessores de Janones foram ouvidos pela PF e negaram a devolução dos salários com base na gravação, alegando que ela está fora de contexto. No entanto, a Polícia Federal identificou inconsistências e contradições nos depoimentos.
Alguns auxiliares relataram que o deputado solicitou doações para uma “caixinha espontânea”, destinada a cobrir despesas de campanha de assessores que se candidatassem. Outros mencionaram que advogadas aconselharam Janones a abandonar essa ideia.