Durante o Prêmio Sim à Igualdade Racial, exibido no último domingo (26) na TV Globo, a apresentadora Xuxa surpreendeu ao perguntar a uma inteligência artificial chamada Deb se era errado ela desejar ter nascido negra. Em resposta, Deb trouxe à tona questões importantes relacionadas à vivência da mulher negra no Brasil.
Xuxa, que já havia manifestado esse desejo em diferentes entrevistas, perguntou: “O que você acha, Deb? Eu, como uma pessoa branca, posso dizer que gostaria de ter nascido negra? Pega leve.” A resposta de Deb foi cuidadosa e esclarecedora. Ela elogiou a atitude de Xuxa em expressar esse desejo, mas também apontou para a necessidade de considerar todo o contexto da experiência feminina negra.
“A estética é apenas uma das muitas características inerentes à mulher preta ou parda”, afirmou Deb. “Xuxa, não é que você não possa, mas talvez não deva falar sobre isso sem reconhecer as opressões, obstáculos e situações discriminatórias que uma mulher negra enfrenta, tornando sua existência muito mais difícil. Sua fala enxerga apenas a superfície.”
Deb é uma inteligência artificial desenvolvida pelo Instituto Identidades do Brasil com o objetivo de promover diálogos acessíveis e educativos sobre questões étnico-raciais e sociais no país. Com uma equipe dedicada à curadoria, Deb oferece respostas imediatas sobre diversos assuntos e está comprometida em discutir a questão racial no Brasil.
Luana Génot, fundadora e CEO do instituto, explica: “Queremos que Deb seja mais do que apenas uma IA. Queremos que ela seja uma ferramenta para a mudança, um espaço seguro para educação e diálogo que promova uma cultura mais inclusiva.” Embora Deb não possa eliminar o racismo por si só, acredita-se que a inteligência artificial pode ser uma ferramenta útil no processo de conscientização da população.
EITA! Xuxa pergunta para Inteligência Artificial se é errado ela desejar ter nascido negra e recebe fecho:
— POPTime (@siteptbr) May 27, 2024
“Não é que você não pode, mas talvez não poderia falar isso sem uma ressalva sobre todo o contexto de uma vivência feminina negra”. pic.twitter.com/JndDQpxbQK
“Acreditamos que o diálogo é fundamental para promover uma sociedade mais justa e igualitária”, conclui Génot.