A máfia italiana é conhecida por usar uma técnica brut4l de estr4ngulamento, chamada de incaprettamento, para punir traidores. O que é surpreendente, segundo informações do Estadão, é que arqueólogos encontraram mais de 20 túmulos neolíticos, datados de 5.500 a 3.500 anos antes de Cristo, onde mulheres foram mort4s em rituais religiosos usando o mesmo método.
O incaprettamento é um processo em que a vítima é deitada de bruços, com as mãos atadas atrás das costas. Os joelhos são dobrados em direção às costas e uma corda é amarrada nos tornozelos, passando pelos pulsos e em volta do pescoço. Ao puxar a corda, a pessoa é forçada a levantar o tronco e as pernas, ficando arqueada, com a barriga no chão. A sobrevivência depende da resistência física da vítima, pois à medida que os músculos cedem ao peso do corpo, a corda aperta o pescoço, interrompendo o fluxo de sangue para a cabeça e causando a morte.
A era Neolítica na Europa foi marcada pela disseminação da agricultura, originária da Mesopotâmia. As populações gradualmente abandonaram a vida nômade de caçadores-coletores e se estabeleceram nas planícies férteis da Europa Central, vales do Reno e do Danúbio, no norte da Itália e no sul da atual França. Esse período durou cerca de 2.000 anos, de 5.500 a 3.500 anos antes de Cristo.
Nesse período, as aldeias eram formadas por longos fossos, provavelmente cobertos por estruturas de madeira. Dentro desses fossos, estruturas circulares eram usadas para armazenar grãos. Além dessas, havia estruturas circulares semelhantes que serviam como túmulos. Dentro delas, foram encontrados ossos humanos e de animais e, em muitos casos, pedras usadas para moer grãos, geralmente quebradas. Em alguns desses locais, foram encontrados esqueletos em posturas que indicam morte por incaprettamento.
Os esqueletos, na maioria de mulheres de meia-idade, não apresentam sinais de morte v1olenta, como membros quebrados ou fraturas cranianas. O que é típico é a postura do corpo, sempre de bruços, com as mãos nas costas e as pernas dobradas. Além disso, os corpos são sempre encontrados orientados no eixo que liga o nascente ao solstício de verão e o poente no solstício de inverno. Em muitos casos, uma pedra pesada, usada para moer grãos, é encontrada nas costas do esqueleto.
A descoberta desse padrão em toda a Europa durante um período de quase 2.000 anos sugere que essas mortes estão provavelmente relacionadas a sacrifícios religiosos, talvez ligados a rituais de fertilidade do solo. No entanto, não é possível determinar se essas mulheres foram colocadas nessa posição após a morte ou se foram sacrificadas usando o incaprettamento. E, claro, a razão dessas execuções permanece desconhecida.
O mais intrigante é que, após o ano 3.500 antes de Cristo, não são mais encontrados túmulos com esqueletos indicando o incaprettamento. Este método só reaparece no século XX, associado às práticas de execução da máfia. Isso levanta a questão de se a humanidade esqueceu essa forma de execução por quase 5.000 anos e a redescobriu recentemente, ou se ela sobreviveu de alguma forma, oculta em alguma seita, por milênios.