A Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória americana, concedeu aprovação ao medicamento Wegovy, produzido pela gigante farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk. O Wegovy, originalmente usado no combate à obesidade e frequentemente adquirido off-label para emagrecimento, agora poderá ser utilizado no tratamento de doenças cardíacas graves.
Wegovy, remédio para perda de peso. — Foto: Novo Nordisk
De acordo com a FDA, o Wegovy demonstrou eficácia na redução do risco de morte cardiovascular, ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais em adultos com doenças cardiovasculares e excesso de peso. Essa aprovação marca a primeira vez que o medicamento é indicado para esses fins específicos.
O estudo que embasou a aprovação envolveu 17.500 pacientes em um ensaio multinacional. Metade dos participantes recebeu o Wegovy, enquanto a outra metade recebeu placebo. Ambos os grupos seguiram cuidados médicos padrão para controle da pressão arterial e colesterol, além de receberem orientações sobre estilo de vida saudável, incluindo dieta e exercícios.
Os resultados mostraram que o grupo que utilizou o Wegovy teve uma redução de 20% na probabilidade de eventos cardíacos graves, como morte por causas cardiovasculares, ataques cardíacos não fatais e derrames não fatais.
O Wegovy, cujo princípio ativo é a semaglutida, é comercializado em cinco formulações, incluindo doses mais altas. Ele é aprovado para pessoas com obesidade ou sobrepeso que também apresentam pelo menos uma comorbidade relacionada ao peso. O tratamento começa com doses mais baixas para adaptação do organismo.
Martin Holst Lange, chefe de desenvolvimento da Novo Nordisk, celebrou o anúncio da FDA, destacando que o Wegovy tem o potencial de prolongar vidas ao abordar algumas das principais causas de mortes evitáveis e reduzir os riscos de eventos cardiovasculares.
Além do Wegovy, a Novo Nordisk também está explorando outras opções no tratamento da obesidade. Recentemente, dados dos testes clínicos da amicretina, uma molécula experimental da mesma classe terapêutica da semaglutida, mostraram uma redução de 13% no peso dos pacientes ao longo de 12 semanas. Essa taxa é superior à observada com a semaglutida, que proporcionou uma perda de 6% do peso no mesmo período.
Enquanto a semaglutida simula o hormônio GLP-1 para reduzir a fome e a velocidade de digestão, a amicretina vai além, simulando tanto o GLP-1 quanto a amilina, hormônios gástricos relacionados à saciedade.
Outro medicamento em estudo é o VK2735, desenvolvido pela empresa de biotecnologia Viking Therapeutics. Esse injetável promete queimar gordura cinco vezes mais rápido que o Ozempic e o Wegovy, conforme evidenciado em um ensaio clínico. Os participantes que receberam uma dose elevada de VK2735 uma vez por semana durante 13 semanas perderam, em média, 14,7% do peso corporal. Em comparação, os pacientes que utilizaram Ozempic e Wegovy levaram 68 semanas para obter resultados semelhantes.
Em um ensaio de fase dois, cientistas recrutaram 174 adultos com sobrepeso ou obesidade, todos com pelo menos uma comorbidade subjacente, como diabetes tipo 2. O foco do estudo era o medicamento VK2735.
Dos participantes, 140 receberam injeções de VK2735 uma vez por semana durante 13 semanas, enquanto os 34 restantes receberam placebo. Os resultados foram notáveis: o grupo que utilizou VK2735 apresentou uma perda média de peso corporal de 12,9%. Aqueles que receberam a dosagem mais alta (15 mg) tiveram uma queda ainda maior, com 14,7% de redução no peso.
Apesar dos efeitos positivos, é importante mencionar que os participantes que tomaram VK2735 também relataram efeitos colaterais, como vômitos e náuseas. No entanto, esses efeitos não atingiram níveis que inviabilizariam a venda do medicamento.
Esses resultados promissores indicam que o VK2735 pode ser uma opção eficaz no tratamento da obesidade, mas mais pesquisas e testes são necessários para confirmar sua segurança e eficácia a longo prazo.