A usina “Mammoth”, projetada para capturar poluição diretamente da atmosfera como um gigantesco aspirador de pó, começou a operar na Islândia na quarta-feira (8). Essa usina, a segunda planta comercial de captura direta de ar (DAC) inaugurada pela empresa suíça Climeworks no país, é dez vezes maior que sua antecessora, a “Orca”, que entrou em operação em 2021.
O DAC é uma tecnologia que suga o ar e remove o carbono usando produtos químicos. O carbono capturado pode ser injetado nas profundezas do solo, reutilizado ou transformado em produtos sólidos. A Climeworks planeja transportar o carbono para o subsolo, onde ele se transformará naturalmente em pedra, retendo-o permanentemente. A operação será alimentada pela energia geotérmica limpa e abundante da Islândia.
À medida que as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera atingem níveis recordes e o planeta continua aquecendo, os cientistas buscam maneiras de remover carbono da atmosfera, além de reduzir rapidamente o uso de combustíveis fósseis. No entanto, tecnologias como o DAC ainda são controversas, devido a preocupações com custos, consumo de energia e incertezas ecológicas.
A usina Mammoth, construída pela Climeworks a partir de junho de 2022, é modular e pode ser facilmente expandida. Ela será capaz de extrair 36 mil toneladas de carbono da atmosfera por ano em plena capacidade, equivalente a retirar cerca de 7.800 carros movidos a gasolina das estradas anualmente.
Embora o custo exato por tonelada de carbono removida não tenha sido fornecido, a Climeworks está trabalhando para tornar a tecnologia mais acessível. A nova usina é um passo importante na luta contra as mudanças climáticas, mas ainda representa apenas uma pequena fração do que é necessário para atingir as metas globais de redução de emissões até 2030.
A fábrica Mammoth da Climeworks em Hellisheiði, Islândia, começou a operar em 8 de maio. / Climeworks via CNN Newsource
Já existem fábricas de captura direta de ar (DAC) muito maiores em construção por outras empresas. O projeto Stratos, atualmente em andamento no Texas, foi projetado para remover 500 mil toneladas de carbono por ano, de acordo com a Occidental, a empresa petrolífera por trás da usina.
No entanto, surge um possível problema. A Occidental afirma que o carbono capturado será armazenado nas profundezas, mas também menciona o uso desse carbono em um processo chamado “recuperação aprimorada de petróleo”. Esse processo envolve injetar carbono nos poços para extrair resíduos de petróleo de difícil acesso, permitindo que empresas de combustíveis fósseis aumentem a produção de campos petrolíferos envelhecidos.
Essa abordagem preocupa alguns críticos, pois temem que as tecnologias de remoção de carbono possam prolongar a dependência dos combustíveis fósseis.
No entanto, para a Climeworks, que não tem vínculos com empresas de combustíveis fósseis, a tecnologia oferece um enorme potencial. Jan Wurzbacher, cofundador e co-CEO da empresa, afirmou que o projeto Mammoth é apenas o estágio mais recente do plano da Climeworks de atingir 1 milhão de toneladas de remoção de carbono por ano até 2030 e 1 bilhão de toneladas até 2050.
Os planos da Climeworks incluem possíveis fábricas de DAC no Quênia e nos Estados Unidos.
Com informações de CNN