Paul Auster, o renomado autor norte-americano da “Trilogia de Nova York”, faleceu aos 77 anos. Nascido em Newark, Nova Jersey, em 1947, Auster teve uma carreira extensa não apenas como um romancista célebre, mas também como ensaísta, tradutor, roteirista e poeta, com sua obra publicada em mais de 40 idiomas.
Vários meios de comunicação relataram que a morte de Auster foi confirmada por seu amigo e colega autor, Jacki Lyden.
Auster começou a traduzir obras de escritores franceses quando se mudou para a França após se formar na Universidade de Columbia em 1970. Foi nesse período que ele também começou a publicar seus próprios trabalhos em periódicos americanos.
Seu maior reconhecimento veio após a publicação de “The New York Trilogy”, uma série de histórias experimentais de detetive, em 1987. Além disso, seus outros romances mais vendidos incluem “4 3 2 1”, “Sunset Park”, “O Livro das Ilusões” e “Palácio da Lua”.
No ano passado, a esposa de Auster, a escritora Siri Hustvedt, revelou que ele estava enfrentando um câncer. Ela compartilhou a notícia no Instagram, informando que ele havia sido diagnosticado em dezembro de 2022 e estava em tratamento, enquanto ela vivia em “Cancerland”.
Poucos meses depois, Hustvedt postou uma foto dela e de Auster, com quem compartilhou mais de quatro décadas de vida, e atualizou o estado dele.
Ela escreveu: “Observando Paul, entendi como a graça se manifesta sob pressão. Robusto e sem reclamar, com seu humor intacto, ele transformou este período de doença, que já dura quase um ano, em algo belo, não feio”.
A ficção de Auster frequentemente explorou a ideia do eu e muitas vezes o apresentou em encarnações veladas, levando críticos a especular sobre o uso da autobiografia. Outra preocupação recorrente em seu trabalho foi a questão do acaso e do destino. Em “4 3 2 1”, publicado em 2017, o personagem principal do romance vivenciou quatro vidas alternativas.
Uma experiência precoce que mostrou como a vida pode mudar em um instante teve um grande impacto em Auster e em sua escrita. Em uma entrevista à BBC antes da publicação de sua obra autobiográfica “Jornal de Inverno” em 2012, Auster descreveu o acaso e a coincidência como a “mecânica da realidade”.
Ele compartilhou como, aos 14 anos, estava fazendo uma caminhada com um grupo de 20 meninos quando foram surpreendidos por uma tempestade. Um de seus colegas foi atingido por um raio e morreu.
“Isso mudou completamente minha vida”, disse ele. “Penso nisso todos os dias. Essa memória nunca desaparece. Foi minha primeira grande lição sobre a imprevisibilidade da vida, como tudo pode mudar rapidamente. De um momento para outro, o mundo se transforma completamente.”
O impacto desse episódio foi duradouro, segundo Auster. “Não vivi guerras, pestes… mas essa foi minha experiência de guerra. Acredito que isso seja algo que os soldados enfrentam o tempo todo. Eu era jovem e isso me marcou profundamente. Se você quiser discutir minha filosofia, esse é o cerne de tudo.”
Auster, que viveu no Brooklyn, Nova York, recebeu inúmeras homenagens, incluindo o Prêmio Príncipe das Astúrias de Literatura da Espanha em 2006. Ele também foi membro da Academia Americana de Artes e Letras e Comandante da Ordem das Artes e das Letras da França.