Uma mulher de 78 anos foi detida após proferir ofensas racistas a um motorista de ônibus em Cariacica, na Grande Vitória. O incidente ocorreu no domingo (19) à noite, quando Alda dos Santos chamou o motorista de “macaco”. Um passageiro gravou um vídeo logo após o ocorrido.
“Lugar de macaco é na jaula”, diz idosa a motorista antes de ser presa pic.twitter.com/Y7tnwwZDH3
— Diario do Brasil Notícias (@diariobrasil_n) May 21, 2024
O motorista, Deiverson Fernandes, de 34 anos, questionou a mulher sobre o motivo de tê-lo chamado de macaco. Segundo ele, os xingamentos começaram quando o ônibus parou no Terminal do Ibes, em Vila Velha, por volta das 20h30. A mulher continuou com os insultos racistas durante todo o percurso até o destino final, em Itacibá, Cariacica.
“Quando eu fui fazer um desembarque no Terminal do Ibes, naquele tumulto de gente subindo e descendo, ela estava na frente do ônibus e acordou assustada e começou a me xingar. Ela falava que minha mãe estava na zona, que eu era bandido foragido da polícia, que ela conhece gente da minha laia. Até que em determinado ponto ela falou que não gostava de preto e me chamou de macaco. Não é o fato dela ser idosa que dá o direito dela ir contra a minha honra. Eu respeito ela assim como ela deve me respeitar no meu ambiente de trabalho”, contou o motorista.
Após o desembarque dos passageiros, Alda tentou sair do ônibus, mas foi impedida por outros passageiros. O motorista, juntamente com a mulher e outros passageiros, registrou a ocorrência na Delegacia Regional de Cariacica.
“Muita gente queria até pular da parte de trás para frente para agredir ela. Até falei com os passageiros para não fazerem isso porque a gente ia acabar perdendo a razão”, disse o motorista.
“Eu não gosto, problema meu. Lugar de macaco é na jaula”, disse a idosa.
Alda foi presa e encaminhada ao presídio na manhã seguinte. Durante entrevista ao Departamento Médico Legal (DML), ela reiterou as frases racistas. Deiverson, que trabalha como motorista há 6 anos e também é estudante, afirmou que nunca havia sido vítima de racismo antes.
A Polícia Civil autuou a suspeita em flagrante por injúria racial e a conduziu à Delegacia Regional de Cariacica. Após os procedimentos legais, ela foi liberada em audiência de custódia, sem pagamento de fiança. A decisão impôs restrições, incluindo a proibição de contato com o motorista e a necessidade de manter uma distância de 500 metros. Além disso, ela não pode sair da Grande Vitória sem autorização judicial.
O Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBUS) repudiou qualquer forma de discriminação e preconceito racial, solidarizando-se com o condutor do ônibus.
Motorista de ônibus é chamado de macaco por passageira no Espírito Santo — Foto: Reprodução/TV Gazeta