Foto: Lucas Bassi | REDE CÂMARA SP
Promotores do Gaeco afirmam que o vereador teve um “papel juridicamente relevante na execução dos crimes sob apuração” envolvendo a Transwolff. A Justiça quebrou os sigilos fiscal e bancário do presidente da Câmara de São Paulo, Milton Leite (União Brasil), no âmbito da Operação Fim da Linha, que investiga crimes relacionados ao transporte público na capital paulista.
Segundo promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo), Milton Leite desempenhou um “papel juridicamente relevante na execução dos crimes sob apuração” envolvendo a Transwolff, uma empresa de ônibus da zona sul. A informação foi divulgada pela Folha.
No documento solicitando a quebra de sigilos, o Ministério Público apontou, em fevereiro do ano passado, a possível ligação do político com os dirigentes da Transwolff. O juiz Guilherme Eduardo Martins Kellner, da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores, autorizou a medida, justificando que “o afastamento dos sigilos bancário e fiscal se justifica pela necessidade de combater a prática de ilícitos penais, tratando-se de medida judicial imprescindível à colheita de provas necessárias à instrução da investigação criminal”.
Milton Leite afirmou à Folha desconhecer a quebra de sigilo pela Justiça e disse ser apenas testemunha no caso.
Operação Fim da Linha
A operação do Ministério Público de São Paulo, realizada em parceria com a Polícia Militar, revelou um esquema complexo de corrupção envolvendo vereadores de diversas cidades paulistas e empresários ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Denominada “Operação Fim da Linha”, a ação visou desarticular uma rede criminosa acusada de favorecer empresas em licitações de serviços públicos em troca de propina.
Segundo o MP, em 2023, as duas companhias investigadas, a Transwolff e a UPBus, receberam mais de 800 milhões de reais pelo serviço de transporte público: a Transwolff arrecadou 748 milhões e a UPBus, 80 milhões.
O esquema, conforme as investigações do MP, era sofisticado e envolvia empresas muitas vezes em conluio ou diretamente ligadas ao PCC, que manipulavam concorrências para assegurar contratos com entidades municipais. A manipulação dessas licitações garantia à quadrilha contratos milionários, principalmente relacionados a serviços de limpeza e vigilância nas dependências das Câmaras Municipais e outros prédios públicos.