O filósofo e economista Eduardo Giannetti, membro da Academia Brasileira de Letras, em entrevista ao Estadão, expressou preocupação com a situação econômica do Brasil. Segundo ele, o cenário econômico piorou desde o ano passado. Anteriormente, Giannetti acreditava que o governo Lula estava ganhando a batalha das expectativas. No entanto, atualmente, ele vê um cenário mais desafiador devido à alteração das metas fiscais pela equipe econômica e à previsão de que as taxas de juros nos Estados Unidos permanecerão altas por um período prolongado.
Giannetti afirma que o Brasil está preso a uma espécie de “Lei de Say das finanças públicas”. Esta lei, nomeada em homenagem ao economista francês Jean-Baptiste Say, postula que a oferta cria sua própria demanda. No entanto, no contexto brasileiro, Giannetti argumenta que a arrecadação cria sua própria despesa. Ele acredita que o país precisa se libertar dessa dinâmica.
Para Giannetti, se o governo deseja alcançar o ajuste fiscal, é necessário discutir e avançar com a desvinculação dos benefícios previdenciários e sociais do reajuste do salário mínimo. Essa ideia tem sido defendida pela ministra do Planejamento, Simone Tebet.
Giannetti, que já atuou como conselheiro econômico de Marina Silva, atual ministra do Meio Ambiente, em campanhas presidenciais, afirma que o orçamento do país está completamente rígido e imune às decisões e prioridades. Ele acredita que o Ministério da Fazenda precisa repensar as vinculações constitucionais e os mecanismos automáticos de correção da Previdência e dos benefícios sociais.
Em 2024, Giannetti observou que o cenário mudou. Ele acredita que o governo perdeu sua capacidade de comandar as expectativas devido à revisão das metas fiscais e à piora do cenário externo. Ele destaca que o quadro fiscal brasileiro parece cada vez mais preocupante.
Giannetti argumenta que o Brasil inventou uma nova lei, a “Lei de Say das finanças públicas”, onde a arrecadação cria sua própria despesa. Ele acredita que o país precisa se libertar dessa dinâmica. Ele também expressa preocupação com o fato de que 91% do total dos gastos federais em 2025 serão gastos obrigatórios, e apenas 9% serão gastos discricionários, que incluem todo o investimento do setor público.
Giannetti acredita que o país precisa repensar as vinculações constitucionais e os mecanismos automáticos de correção da Previdência e dos benefícios sociais. Ele elogia a ministra do Planejamento, Simone Tebet, por defender essa ideia dentro do governo.
Em termos práticos, Giannetti expressa preocupação com as contas públicas. Ele acredita que o mercado financeiro não espera as coisas acontecerem para agir. Se a expectativa for de que estamos em um caminho fiscal explosivo, com um forte aumento da dívida pública, isso provavelmente levará a uma pressão sobre o câmbio.
Giannetti conclui que o Brasil precisa repensar o gasto público em larga escala, não em pequena escala. Ele acredita que o país precisa se libertar da “Lei de Say das finanças públicas” e repensar as vinculações constitucionais e os mecanismos automáticos de correção da Previdência e dos benefícios sociais.