A diretora de relações públicas da Baidu, Qu Jing, deixou a companhia após postar uma série de vídeos nas redes sociais nos quais humilhava funcionários, gerando reações sobre as práticas no local de trabalho no setor de tecnologia na China.
Nos vídeos, Qu Jing exigia longas horas de trabalho de sua equipe e dedicação à empresa. O objetivo era ensinar como usar contas pessoais nas redes sociais para aumentar o perfil da Baidu, mas a iniciativa acabou causando polêmica.
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Qu Jing saiu da companhia na quinta-feira, segundo fontes familiarizadas com o assunto. A Baidu ainda não respondeu a um pedido de comentários. Qu Jing também não foi encontrada para comentar.
Em suas redes sociais, ela pediu desculpas pelos vídeos que causaram “mal-entendidos externos sobre os valores e a cultura da Baidu”. Em um dos vídeos, que se tornou viral nas redes sociais chinesas, Qu Jing afirmou não se importar com o impacto das longas horas de trabalho e viagens de negócios na vida pessoal dos funcionários. “Não sou a mãe de vocês. Eu me importo apenas com os resultados”, disse.
Esses comentários reacenderam preocupações sobre as condições de trabalho no setor de tecnologia chinês. As longas jornadas frequentemente esperadas dos funcionários são conhecidas como “996”, significando que trabalham das 9h às 21h, seis dias por semana.
Os comentários de Qu Jing refletem a visão dos altos escalões corporativos na China em relação aos funcionários, segundo Yang. “Isso provocou uma reação emocional”, afirma.
Qu Jing ingressou na Baidu vinda do grupo chinês de tecnologia Huawei e tinha proximidade com Melissa Ma, esposa do cofundador da Baidu, Robin Li. Ma está envolvida no recrutamento e recursos humanos da empresa.
A imprensa chinesa relatou que Li realizou uma pequena reunião com funcionários na quinta-feira para abordar os comentários de Qu Jing e afirmou que muitos colaboradores talentosos da Baidu “representam a verdadeira essência da empresa”.
Apesar de já ter sido considerada uma rival da Alibaba e da Tencent, a Baidu enfrentou desafios nos últimos anos, incluindo iniciativas de produtos decepcionantes e estagnação no seu principal negócio de publicidade na internet. O valor de mercado da empresa, listada na Nasdaq, caiu de um pico de US$ 115 bilhões em 2021 para US$ 39 bilhões.
Com a ascensão da inteligência artificial (IA), Li concentrou esforços para transformar a Baidu na resposta chinesa à OpenAI. O chatbot da empresa, Ernie, equivalente ao ChatGPT, está entre os líderes na China, mas a Baidu enfrenta a concorrência de dezenas de startups que estão criando seus próprios grandes modelos de linguagem (LLM).
(Tradução de Mario Zamarian)/Com informações de Valor Econômico