O placar de vetos que derrotou o governo em diversas questões indica que a relação entre o Executivo e o Congresso Nacional vai se deteriorar ainda mais com as eleições municipais e a sucessão no comando das duas Casas. Na terça-feira (28), as sessões do Congresso mostraram um panorama do que está por vir:
- A Câmara aprovou um projeto que suspende trechos de decreto de Lula sobre armas e permite clubes de tiro a menos de 1 km de escolas.
- Os deputados também aprovaram um projeto de lei que taxa em 20% compras de até US$ 50 em sites internacionais, apesar da posição contrária inicial de Lula.
- O Congresso derrubou o veto de Lula e proibiu as saidinhas temporárias de presos.
- Também foi derrubado um veto de Lula à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que impedia o governo de financiar ações como incentivo à invasão de propriedades rurais, promoção de opções sexuais diferentes do sexo biológico, desconstrução da família tradicional, cirurgias de mudança de sexo em crianças e adolescentes, e realização de abortos, exceto nos casos autorizados por lei.
- O Congresso manteve o veto de Bolsonaro a um trecho da Lei de Segurança Nacional que criminalizava o disparo em massa de informações falsas sobre o processo eleitoral.
Os líderes do Congresso alertam que a relação vai piorar se o governo não melhorar a articulação política, o que inclui a substituição de Alexandre Padilha e líderes do governo. Críticas também vêm do Judiciário, onde há preocupações com a equipe do governo no Congresso.
A articulação, no entanto, não explica tudo. O Congresso, de perfil conservador, aproveita para se reafirmar em pautas como segurança pública e costumes, pressionando o Executivo e influenciando a sucessão nas presidências de Câmara e Senado. Com a proximidade das eleições municipais, parlamentares consideram o impacto de suas decisões nas campanhas, o que pode levar aliados do governo a votar com a oposição.
Para especialistas, o governo pode contar com o atual Congresso para pautas econômicas de fácil defesa, mas está isolado em outras frentes, com perspectivas negativas para 2025 e 2026.