Foto: Nander/Adobe Stock
Afinal, como essas fritadeiras funcionam? É saudável consumir alimentos preparados nelas? Esses equipamentos podem levar à formação de substâncias tóxicas nas refeições? Esclarecemos essas e outras dúvidas.
As fritadeiras sem óleo, popularmente conhecidas como AirFryers, se tornaram queridinhas em muitas cozinhas brasileiras. Prometendo preparar alimentos com menos gordura, logo se tornaram um símbolo de vida mais saudável.
Nos últimos meses, no entanto, surgiram conteúdos nas redes sociais questionando possíveis riscos à saúde ao utilizá-las. Internautas levantaram dúvidas sobre a produção de uma substância tóxica chamada acrilamida ao usar essas fritadeiras. Especialistas explicaram ao Estadão como funcionam esses aparelhos e sua influência na qualidade dos alimentos. Confira:
Como as fritadeiras elétricas sem óleo funcionam?
O físico Francisco Guimar, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), explica que as fritadeiras elétricas funcionam por meio da transferência de calor. Dentro dos aparelhos, hélices fazem circular ar quente, que aquece os alimentos. Elas funcionam como fornos de convecção usados em restaurantes, mas em menor escala. A circulação de ar mais rápida nas fritadeiras reduz o tempo de cozimento comparado aos fornos domésticos.
É saudável comer alimentos preparados na AirFryer?
Do ponto de vista físico, Guimar afirma que não há malefícios na ingestão de alimentos preparados nas fritadeiras sem óleo. O aquecimento por ar quente não altera a estrutura ou composição dos alimentos, não adicionando nenhuma substância além das já presentes. A nutricionista Beatriz Tenuta confirma que é saudável consumir alimentos feitos nessas fritadeiras, destacando a importante redução no consumo de gorduras, que pode diminuir os níveis de colesterol LDL no sangue e contribuir para a prevenção de obesidade, pressão alta e doenças cardíacas.
Qual a relação entre essas fritadeiras e a acrilamida?
A acrilamida é formada em alguns alimentos aquecidos a 120 ºC por meio da reação de Maillard, que ocorre em alimentos contendo açúcares redutores combinados ao aminoácido asparagina. Essa reação, responsável por deixar os alimentos dourados e aromáticos, não é exclusiva da AirFryer, ocorrendo em qualquer método de aquecimento. Portanto, a acrilamida será formada sempre que alimentos com esses componentes forem submetidos a altas temperaturas.
E quais os perigos da acrilamida?
A engenheira de alimentos Adriana Pasevi explica que a acrilamida pode ter efeitos neurotóxicos e carcinogênicos, evidenciados em estudos com animais. No entanto, os níveis dessa substância na dieta comum não são suficientes para causar esses danos. Estudos com humanos ainda são controversos e necessitam de mais aprofundamento. Adriana ressalta que o organismo humano possui mecanismos de defesa contra potenciais tumores.
Como evitar a acrilamida?
A eliminação total da acrilamida é praticamente impossível, mas pode ser minimizada ao não fritar ou assar os alimentos até ficarem escurecidos. Alimentos fritos, torrados e assados geralmente contêm essa substância devido às altas temperaturas utilizadas no preparo.
Que tipo de alimento compensa preparar na AirFryer?
A AirFryer é versátil e pode preparar uma variedade de alimentos, mas seu maior benefício é reduzir o uso de óleo. Assim, alimentos normalmente fritos ou imersos em óleo, como asinhas de frango, salgados, batatas fritas e pastéis, ficam mais saudáveis na fritadeira. Ainda assim, esses alimentos devem ser consumidos com moderação, sem se tornarem a base da alimentação diária.
Há desvantagens ao usar fritadeiras elétricas?
Do ponto de vista nutricional, não há problemas. Beatriz afirma que não há perda de nutrientes com o uso desses aparelhos. Pelo contrário, assar vegetais na AirFryer pode ser mais vantajoso, preservando vitaminas hidrossolúveis que seriam eliminadas ao cozinhar na água.
