Há meio século, um fenômeno intrigante ocorre na Antártida: um buraco se abre no gelo. Conhecidos como polínias, essas aberturas são comuns perto dos oceanos polares, onde o vento move o gelo, revelando o oceano abaixo.
No entanto, a polínia Maud Rise, distante da costa, sempre foi um enigma. Com uma extensão de aproximadamente 80 mil quilômetros quadrados, sua formação foi um mistério até recentemente.
Segundo informações do portal IGN Brasil, um estudo publicado na revista Science finalmente desvendou o mistério. As correntes intensificadas ao redor do Mar de Weddell, onde a polínia está localizada, trouxeram água mais quente e salina do fundo para a superfície, derretendo o gelo.
O gelo derretido, composto principalmente por água doce, deveria diminuir a salinidade e interromper o processo. No entanto, o fenômeno conhecido como Transporte de Ekman, em que a água se move em um ângulo de 90º em relação à direção do vento de superfície, alterou a salinidade da água e permitiu a formação do buraco.
Sarah Gille, coautora do estudo, explicou em um comunicado à imprensa que “a marca das polínias pode permanecer na água por vários anos após a formação. Elas podem alterar a maneira como a água se move e como as correntes transportam calor para o continente. As águas densas que se formam aqui podem se espalhar por todo o oceano global”.