O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o governo federal zerou o imposto de importação do arroz para países de fora do Mercosul como uma resposta à especulação de preços. A intenção inicial era comprar toneladas do cereal dos vizinhos do bloco para aumentar a oferta no mercado interno e evitar altas nos preços ao consumidor após a tragédia no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional de arroz.
“Nós demos uma demonstração ao Mercosul de que, se for querer especular, nós buscamos de outro lugar”, disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro ao g1, na segunda-feira (20), pouco depois de o governo federal zerar o imposto de importação do arroz para países de fora do Mercosul.
Entretanto, o leilão de compra, marcado para esta terça-feira (21), foi suspenso após o Mercosul elevar em até 30% o preço do cereal. Fávaro destacou que a decisão de suspender o leilão e isentar o imposto de importação partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após uma reunião de emergência com o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
“Nós íamos comprar 100 mil toneladas, mas, pelos preços que eles [países do Mercosul] estavam anunciando, nós íamos comprar só 70 mil”, disse Fávaro.
Os parceiros do Brasil no Mercosul (Paraguai, Uruguai e Argentina) são os principais fornecedores externos de arroz para o mercado nacional. Como o bloco é uma zona de livre comércio, esses países não pagam impostos para vender ao Brasil. Agora, com as taxas zeradas para o restante do mundo, outros países podem competir em igualdade de condições com o Mercosul.
Além disso, a indústria brasileira anunciou a intenção de importar 75 mil toneladas de arroz da Tailândia. A decisão de zerar as taxas de importação tem validade até 31 de dezembro de 2024.
Apesar das medidas, os produtores nacionais têm se oposto à importação do grão. A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Fedearroz) chegou a solicitar o cancelamento do leilão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O objetivo, segundo Fávaro, não é prejudicar os produtores, mas garantir a estabilidade de preços no país.