O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, abordou a questão da autonomia da autoridade monetária durante um evento que discutia os 30 anos do Plano Real na II Conferência Anual do BC, em Brasília.
Ele destacou que o Banco Central enfrenta desafios significativos devido à asfixia financeira e administrativa, que prejudica suas operações. Essa preocupação com a autonomia não é nova e já foi mencionada por ex-presidentes da autoridade monetária presentes no evento.
“O Banco Central sofre asfixia financeira e administrativa que nos atrapalha muito e que é um grande problema. Eu vejo isso como um grande problema, um dos grandes desafios”, disse ele, ao agradecer as menções dos participantes sobre a autonomia do BC. “Se por um lado tivemos ganhos institucionais, alguns problemas crônicos não foram resolvidos.”
Persio Arida, ao defender o Plano Real, enfatizou o aspecto político e a necessidade de um sistema democrático para criar incentivos à estabilização da inflação. Segundo ele, Fernando Henrique Cardoso, ex-ministro da Fazenda e posteriormente presidente da República, conseguiu convencer o Congresso e a opinião pública sobre a importância do Real.
Gustavo Loyola ressaltou que o Plano Real representa a missão nobre do Banco Central: buscar a estabilidade de preços. Ele também defendeu a garantia da autonomia plena do BC.
No Congresso, tramita uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia a autonomia do Banco Central. Embora conte com o apoio de Campos Neto, o governo se opõe à proposta. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já afirmou que esse texto não tem o aval da Pasta.