Foto: Ricardo Stuckert
Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), expressou críticas à decisão do governo de editar uma medida provisória para importar arroz em meio à crise no estado, descrevendo-a como “desnecessária”. Em entrevista à CNN, Pereira apontou que o Brasil produziu cerca de 10,25 milhões de toneladas de arroz em 2023, quantidade suficiente para suprir a demanda interna, com expectativas de aumento para cerca de 10,5 milhões neste ano.
Apesar dos alagamentos que atingiram o Rio Grande do Sul, estima-se que 84% das lavouras já haviam sido colhidas quando a crise começou. Pereira indicou que é difícil mensurar as perdas nos armazéns de arroz, mas sugeriu que devem ser pontuais.
Na visão de Pereira, com a maior parte da colheita do estado preservada e considerando que os outros 30% da produção nacional estão principalmente em regiões não afetadas pela crise climática, seria possível atender à demanda sem a necessidade da medida provisória de importação. Além disso, o Brasil já importa arroz atualmente, especialmente do Mercosul, o que torna a MP desnecessária, de acordo com Pereira.
O presidente da Farsul destacou que não prevê nenhum tipo de desabastecimento de arroz, a não ser momentâneo, devido a questões logísticas e impasses na emissão de notas fiscais, especialmente considerando os problemas na rota logística causados pelos alagamentos e destruições.
A CNN procurou o Ministério da Agricultura e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) para comentar as declarações de Pereira, mas até o momento da publicação desta reportagem, não houve resposta.
Tanto o MDA quanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) afirmam que o principal objetivo da medida provisória é evitar a alta de preços e fake news sobre a falta de arroz, além de garantir o abastecimento. O ministro do MDA, Paulo Teixeira, e o presidente da Conab, Edegar Pretto, garantiram que a medida não afetará a produção nacional de arroz.
Gedeão Pereira acredita que os impactos das chuvas na agricultura e na economia do estado serão devastadores, apesar de não prever desabastecimento. Ele destaca que o PIB do Rio Grande do Sul, o quarto maior do país, será “altamente negativo” em 2024.
Quanto à importação de arroz, o governo federal realizará o primeiro leilão para a compra do cereal na próxima terça-feira, 21 de maio. O arroz importado será destinado a pequenos supermercados em sete estados, com preço tabelado de R$ 4 por quilo. Após a importação, os produtos serão descarregados em quatro portos no Brasil.