Azul e Gol, duas gigantes do setor aéreo, revelaram um acordo de cooperação comercial que promete conectar suas redes de voos no Brasil através de um codeshare. Com essa notícia, as ações da Azul e Gol subiram mais de 10% e 11,9%, respectivamente, segundo informações da revista Época Negócios.
Especialistas do mercado veem esse acordo como um possível ensaio para uma futura fusão entre as duas empresas, embora isso não tenha sido mencionado por elas. No entanto, alguns acreditam que essa mudança operacional deveria ter sido apresentada ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A Gol, atualmente em recuperação judicial nos EUA, e a Azul, que recentemente iniciou conversas sobre uma possível fusão, são parte desse cenário. John Rodgerson, presidente da Azul, já expressou sua crença na consolidação do setor.
A parceria inclui rotas domésticas exclusivas, permitindo que os clientes planejem viagens com ambas as companhias. Por exemplo, um passageiro poderia voar do Rio de Janeiro a São Paulo com a Gol, e de São Paulo a Campina Grande com a Azul.
O acordo também abrange programas de fidelidade, permitindo que os membros do Azul Fidelidade e do Smiles acumulem pontos ou milhas no programa de sua escolha ao comprar trechos incluídos no codeshare. A parceria entrará em vigor no final de junho.
As empresas afirmam que juntas realizam cerca de 1.500 decolagens diárias e que o acordo criaria mais de 2.700 oportunidades de viagem com apenas uma conexão. No entanto, analistas acreditam que isso não resultará em uma redução no preço dos bilhetes.
Especialistas ponderam que o acordo de compartilhamento deveria ter sido submetido ao Cade. Atualmente, a Latam detém 40% do mercado doméstico, enquanto a Azul e a Gol detêm 29,5% e 29,9%, respectivamente.
O governo foi informado previamente sobre o acordo. O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que a pasta e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) acompanharão as possíveis consequências.
Analistas do Itaú BBA acreditam que o acordo pode gerar receita para a Azul. Ygor Araújo, analista do Setor de Bens Industriais da Genial Investimentos, avalia que o codeshare pode ser uma forma de testar sinergias operacionais, visando uma possível fusão. Victor Mizuski, analista do Bradesco BBI, ressalta que uma fusão só aconteceria se a Gol reestruturasse suas dívidas.