Você já imaginou acordar todas as manhãs e sentir que está revivendo exatamente o mesmo dia, em um ciclo infinito, como se estivesse preso em um déjà vu constante? Essa experiência pode ser indicativa de uma doença extremamente rara chamada déjà vécu.
O déjà vécu é considerado uma complicação associada à doença de Alzheimer. É uma sensação persistente de que cada novo encontro ou experiência é apenas uma repetição do passado. Diferentemente do déjà vu, que nos faz sentir que já vimos algo acontecer antes, o déjà vécu nos faz reviver continuamente eventos da vida.
Embora os cientistas ainda não compreendam completamente a causa do déjà vécu, acredita-se que esteja relacionado a uma disfunção no hipocampo, a parte do cérebro responsável por converter memórias de curto prazo em memórias de longo prazo. As pessoas que sofrem dessa condição muitas vezes não conseguem entender o que está acontecendo e podem desenvolver crenças falsas semelhantes a ilusões para justificar suas percepções.
O déjà vécu também pode ser encontrado em doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Testes realizados em pacientes com essa condição mostraram sinais de Alzheimer no cérebro, como níveis reduzidos da proteína beta-42 amiloide e níveis elevados da proteína tau, ambos indicativos da doença.
A ciência ainda não tem uma explicação definitiva para o déjà vu. Alguns pesquisadores, como Giordano, professor de Neurologia da Universidade de Georgetown, sugerem que o fenômeno pode estar relacionado ao tálamo, uma região no meio do cérebro. O tálamo processa informações sensoriais, como audição, paladar e tato, antes de enviá-las ao córtex cerebral, a camada externa do cérebro responsável por pensamentos, movimentos voluntários, julgamento, linguagem e percepção. Giordano explica que, se as interações entre essas áreas forem ligeiramente diferentes, nosso cérebro pode confundir o presente com o passado, gerando o déjà vu.
Roderick Spears, professor associado de pesquisa em enxaqueca e ciências clínicas na Brown University, concorda que ainda não há uma explicação definitiva sobre por que e como o déjà vu ocorre.