Em Goiânia, o fundador da igreja A Casa, o pastor evangélico Davi Vieira Passamani, foi detido por importunação sexual. Segundo a Polícia Civil de Goiás (PCGO), ele representa uma ameaça à segurança feminina, pois retomou suas funções religiosas, o que lhe conferia poder e autoridade sobre as vítimas.
Passamani é suspeito de envolvimento em delitos sexuais. A prisão ocorreu em decorrência de um crime ocorrido em dezembro de 2023, que resultou na terceira investigação de importunação sexual contra ele. A detenção de Passamani aconteceu na quinta-feira (4/4) na capital de Goiás.
Pastor Davi Passamani é preso em Goiás; veja o momento da prisão pic.twitter.com/eorIZ5WrXk
— Diario do Brasil Notícias (@diariobrasil_n) April 5, 2024
A Delegacia Estadual de Atendimento Especializado à Mulher foi responsável pela prisão. De acordo com a investigadora do caso, Amanda Menuci, a vítima era uma assídua frequentadora da igreja A Casa. Após a denúncia, Passamani renunciou à presidência da igreja, mas retomou suas atividades posteriormente.
Desde dezembro, Davi está definitivamente afastado de A Casa e fundou uma nova igreja chamada A Porta. Ele foi detido ao chegar ao local para uma celebração religiosa.
Passamani prestou depoimento sobre o caso em fevereiro e ficou em silêncio. Àquela época, ele havia pedido renúncia da igreja e não representava perigo. “Mas a PCGO teve conhecimento de que ele voltou a exercer as atividades religiosas, meio pelo qual ele cometia os crimes. A representação da prisão foi pedida em março, para proteger novas vítimas, já que ele praticava os crimes por meio da igreja”, contou Amanda.
Conhecido nacionalmente, Passamani concorreu ao Grammy Latino 2023 com o álbum Novo Tempo, da banda Casa Worship, formada dentro da igreja dele. A música desse álbum “A Casa É Sua” teve 90 milhões de streams no Spotify, tornando-se a canção gospel mais executada da plataforma no Brasil em 2022.
Investigações por crimes sexuais
O pastor enfrenta acusações de importunação sexual. Em um incidente revelado em dezembro do ano anterior, uma mulher alegou que o pastor a contatou por vídeo chamada e expôs seu órgão sexual.
A investigadora responsável pelo caso afirma que o pastor utilizava a fé para se aproximar das vítimas. Em particular, a vítima havia compartilhado problemas matrimoniais com o religioso.
“Ela havia confidenciado isso ao pastor. As conversas ocorreram a partir das redes sociais, com abordagens bíblicas, e, em seguida, ele narrava contos sexuais, pedia para a vítima se tocar”, explicou a delegada.
Desde 2020, Davi foi denunciado por assédio ou importunação sexual por três ex-integrantes da igreja A Casa. Em um dos casos, ele chegou a um acordo com o Ministério Público e, em outro, foi condenado a pagar uma indenização de R$ 50 mil. Um terceiro caso está sob investigação da Polícia Civil.
Em março, a ex-companheira do pastor o acusou de violência psicológica, alegando que ele enviava mensagens constantes, frequentava os mesmos lugares que ela e difamava ela e os líderes atuais da igreja.
Outro lado
Leandro Silva, representante legal do pastor, argumenta que a investigação da Polícia Civil sobre alegações de assédio é incompleta e que a detenção de Davi Passamani é apenas uma “conspiração para destruição de sua imagem e investida ilegítima de seu patrimônio”.
“A defesa desconhece qualquer ordem judicial que o impeça de qualquer prática religiosa, e ele não descumpriu nenhuma ordem judicial. Providências serão tomadas para a retomada de sua liberdade”, completou a defesa do pastor.
Confira a nota completa:
“A autoridade policial informou verbalmente a este advogado que o motivo da prisão seria o fato de Davi Passamani estar presente em louvores e isso representa risco à sociedade de ocorrência de possíveis novas vítimas de assédio. Indagada se era somente isso, ela disse que sim. Porém, se negou a entregar a cópia da decisão judicial que fundamentou a prisão, embora tenha certificado sua negativa.
Está prisão, segundo a delegada, está relacionada ao inquérito policial inaugurado no final do ano de 2023 por suspeita de assédio, porém, embora esgotado o prazo de 30 dias para a conclusão dele, a autoridade policial foi omissa e não o concluiu, provavelmente, aguardando o momento oportuno para o espetáculo público. A defesa qualifica as informações contidas nesse inquérito de vazias, lacunosas e genéricas.
Ressalte-se que Davi Passamani nunca foi condenado criminalmente por tipo penal de assédio sexual e a defesa nega tais acusações. Reafirma-se, mais uma vez, que tudo não passa de uma conspiração para destruição de sua imagem e investida ilegítima de seu patrimônio, ruína financeira, bem como o impedimento de qualquer prática religiosa. No momento estratégico adequado, seus conspiradores, todos eles, serão representados e seus nomes divulgados.
A defesa desconhece qualquer ordem judicial que o impeça de qualquer prática religiosa e ele não descumpriu nenhuma ordem judicial. Providências serão tomadas para a retomada de sua liberdade.”