Por diferentes motivos, várias mulheres optaram por abandonar as complexidades dos relacionamentos convencionais para abraçar a praticidade e a transparência dos chamados relacionamentos sugar. Nesse tipo de arranjo, um homem abastado — conhecido como sugar daddy — oferece presentes e assegura estabilidade financeira para uma mulher mais jovem — a chamada sugar baby.
Um estudo realizado pelo MeuPatrocínio, um dos principais sites para daddies e babies do país, indica que mais de 10 milhões de mulheres estão nessa situação. Ao fazer uma análise por cidade, Brasília se destaca como o nono lugar em concentração de sugar babies. No entanto, quando se trata de sugar daddies, a capital federal assume a liderança.
Uma pesquisa conduzida em 2020 pela mesma plataforma revelou que Brasília ocupa o primeiro lugar no ranking dos provedores com maior renda e patrimônio. Entre os usuários brasilienses, pelo menos 19% afirmam possuir uma fortuna superior a R$ 50 milhões.
A coluna Pouca Vergonha conversou com duas sugar babies da capital para entender melhor como essas mulheres vivem e por que optaram por esse tipo de relacionamento. De um lado, encontramos jovens determinadas e inteligentes; do outro, homens mais velhos, ricos e dispostos a oferecer experiências de luxo.
Benefícios Recíprocos
“São homens que sabem como tratar uma mulher, tanto que nunca me senti desrespeitada ou algo do tipo. O relacionamento sugar é a única forma que me permito ter para conhecer pessoas”, afirma a estudante Fernanda, de 24 anos. Ela ingressou na plataforma aos 19 anos e relata ter experimentado um relacionamento tradicional, mas não tem intenção de repetir a experiência, “pois nada daquilo me ajudou a crescer”.
Por meio da plataforma, a estudante conheceu pessoas de diversas origens. “Isso me proporcionou muitas viagens”, destaca. Atualmente, seu sugar daddy mora em Brasília, mas, por ser político, os dois viajam frequentemente. “Ele me levou para conhecer o Nordeste inteiro em janeiro, quando foi meu aniversário. E ainda permitiu que eu levasse uma amiga, tudo pago por ele”, recorda.
Nos relacionamentos sugar, os benefícios são mútuos, e todas as intenções são transparentes. Fernanda relata que, além das viagens, recebe com frequência joias e roupas de grife. Ela revela ainda que recentemente ganhou um carro de presente.
“Um dos daddies, inclusive, depositou na minha conta uma quantia considerável para pagar todas as mensalidades da faculdade, o que me ajudou muito, pois era algo que me preocupava”, relembra.
Segundo o site Meu Patrocínio, o valor médio recebido por uma sugar baby varia entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil. No entanto, esse valor se limita à média líquida em dinheiro, já que o montante geralmente aumenta quando se considera os presentes. Com viagens, cursos e outros agrados, algumas babies chegam a receber mais de R$ 50 mil por mês.
“Segundo minhas contas, estou perto de R$ 500 mil, contando o carro e tudo que ganhei em bens materiais. E tenho apenas 24 anos, imagina daqui a alguns anos. Ainda há muitas coisas que quero alcançar, e tenho certeza de que apenas nos relacionamentos sugar isso será possível, já que apenas neles os homens entendem a importância de proporcionar conforto à sua parceira.”
Desilusões Amorosas
Em janeiro, o Metrópoles teve acesso a um levantamento do Meu Patrocínio que revela que o Distrito Federal possui 507.588 usuários na plataforma específica para esse tipo de encontro. Do total, 319.434 são sugar babies do sexo feminino, com idade média de 27 anos, disponíveis para os daddies.
A empreendedora Aline é uma delas. Ela ingressou na plataforma há 4 anos.
“Acabara de terminar um noivado e estava muito chateada e desiludida com a ideia de encontrar alguém. Me cadastrei na plataforma por incentivo de amigas e, assim que fui aceita, conheci um sugar daddy que me interessou muito pela forma como me tratava”, recorda.
Segundo a empresária, seu daddy é empresário no ramo da construção civil e possui empresas em Brasília e São Paulo, além de ser proprietário de alguns restaurantes.
Entre os presentes mais marcantes que Aline recebeu está o apartamento onde vive. “Quando nos conhecemos, eu morava de aluguel em um bairro simples e distante, era o que eu podia pagar. Vendo todo o meu esforço e o trabalho para ir ao trabalho, ele me deu este presente”, relata.
A empresária destaca que, mesmo durante os períodos em que estiveram separados, ele nunca pediu nada “em troca” ou “jogou na cara”, algo que muitos homens imaturos fariam facilmente.
Na opinião de Aline, ela já deve ter recebido indiretamente cerca de R$ 1 milhão. “A verdade é que não gosto de ficar pensando nisso, porque dá a entender que estou com alguém por interesse. É claro que estar com alguém que contribua financeiramente é maravilhoso, mas isso deve se somar ao fato de estar com alguém que gostamos e admiramos. A questão financeira não é algo que eu gosto de ponderar, deixo as coisas fluírem como devem ser”, conclui.
Com informações de Metrópoles