Um espião russo, identificado como Serguei Alexandrovitch Chumilov pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), atuava disfarçado como diplomata da Embaixada da Rússia em Brasília. Chumilov, que chegou ao Brasil em 2018 como primeiro-secretário da repartição, também se apresentava como representante da Rossotrudnichestvo, uma agência federal russa responsável por questões de colaboração com Estados independentes, compatriotas no exterior e cooperação humanitária internacional.
Embora estivesse legalmente no país, Chumilov realizava atividades de espionagem com o objetivo de coletar informações sobre setores ou temas específicos do Brasil, de interesse do serviço de inteligência russo ao qual pertencia. Ele também buscava recrutar brasileiros como informantes.
Segundo a Folha de São Paulo, Chumilov deixou rastros na internet, incluindo fotos, vídeos e postagens, relacionados a sua participação em eventos, principalmente online, em universidades brasileiras entre 2019 e 2022. Esses registros indicam suas áreas de interesse.
Nos eventos, o espião apresentava oportunidades de bolsas de estudo e intercâmbio na Rússia a estudantes e acadêmicos brasileiros. Ele participou de uma palestra no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) em 2021, além de ter falado sobre o sistema de cooperação Brics e apresentado oportunidades de estudo no exterior em outros eventos.
Apesar das evidências, o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Francisco Rondinelli, afirmou que Chumilov não teria acesso a informações estratégicas do país nas estruturas do Ipen ou da CNEN. No entanto, o espião continuou suas atividades, inclusive palestrando sobre inovação em um evento na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em setembro de 2021.